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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

“PAPAI, DESENHEI DEUS PRA VOCÊ”

Foi usando esta frase que minha filha de quatro anos me entregou um pedaço de papel com um minúsculo e indecifrável rabisco.
Virei o pedacinho de papel de um lado para o outro e fiz uma pergunta não menos infantil:

- Onde está Deus aqui, Queni?

Imediatamente ela respondeu:

- Bem aí, pai, você não está vendo?

Acho que entendo um pouco melhor o que Jesus quis dizer, quando afirmou que temos que ser como crianças para entrar o Reino de Deus (Mt 18.13). Talvez seja por que elas não têm as mesmas dificuldades para ver Deus como nós, adultos. Enquanto nos esforçamos para ver Deus em templos "salomônicos", por exemplo, os infantes conseguem vê-Lo em alguns poucos traços, num rabisco qualquer!

Obviamente que não quero reduzir a grandeza imensurável do Criador de todas as coisas, mas concordo que somos afetados por determinadas teologias demasiadamente complexas que, ao pretender “dissecar” a pessoa de Deus (Seu caráter, Seus atributos, Seu poder, etc.), O torna mais incompreensível e mais distante ainda. Entretanto, bastaria que pudéssemos percebê-Lo nas coisas mais simples à nossa volta.

Jesus, ainda criança, discutia com os Mestres de sua época sobre as coisas do Pai (Lc 2.39-50). Apesar de crer que o Espírito Santo já conduzia nosso Salvador desde a mais tenra idade, creio que Ele, Jesus, não via Deus, o Pai, com os mesmos traços, com os quais religiosos de então O “pintavam” em seus discursos demagógicos, ou nas interpretações das Escrituras carregadas de extremismos .

Durante Seu ministério terreno, já adulto, porém, com o mesmo tato de uma criança, os discursos de Jesus concentravam-se em fazer com que as pessoas que O seguiam pudessem ver Deus em figuras muito presentes no cotidiano delas, nos quais ainda não tinham parado para pensar. Coisas como a beleza das flores do campo e a provisão para as aves silvestres. Era como se Ele dissesse: “Conseguem ver o Pai? Ele está ali, sustentando e provendo! Assim fará a vocês!... Conseguem ver agora?!”...

Para não discutir com a Queni, dobrei o papelzinho e fui colocando em cima de um móvel da sala. No entanto, imediatamente fui interpelado por sua linda voz rouca dizendo: “Não papai, ponha no bolso, senão você perde o Deus que desenhei pra você!”.
Não sei o que se passou na cabeça dela, mas quero me esforçar muito mais - até que não tenha que fazer esforço algum – para ver nos “rabiscos” do dia a dia, a pessoa deste Deus que se faz conhecer até mesmo às crianças!  -  pr Aécio

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