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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DESCONSTRUINDO ALGUNS PARADIGMAS EM TORNO DAS AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS

 
Como muita gente já sabe, faz mais de vinte anos que lido e transito no universo missionário. Entre erros e acertos (reconheço que não poucos erros), aprendi dentre muitas coisas que nem mesmo as agências missionárias brasileiras escapam dos "vícios" comuns às mais distintas denominações, organizações, instituições, ou ONGs evangélicas tupiniquins. Obviamente que não é com a maioria delas que a gente precisa se preocupar em separar o joio do trigo, mas com uma minoria que acaba se tornando tropeço para aqueles que pretendem envolver suas igrejas em missões através de parcerias.
É preciso lembrar aqui que a maioria esmagadora das igrejas evangélicas brasileiras não possui as condições mínimas para sequer iniciar um projeto de missões, logo, agências missionárias e afins acabam parecendo as únicas opções viáveis à primeira vista - mesmo para aquelas igrejas de pequeno e médio portes filiadas aos grandes conglomerados denominacionais.

Como pastor e representante de uma igreja local que desde sempre quis estar envolvida com Missões, reafirmo o que já mencionei acima reconhecendo que, na ânsia de cumprir Mateus 28.19 e Atos 1.8, cometemos muitos erros que incidiram sobre nós mesmos. Em alguns casos, tais erros causaram prejuízos tanto para minha pessoa, como para nossa igreja, além de causar danos para as agências com as quais firmamos parceria e até para alguns missionários - nada que não tenha sido reparado. 

Mas o tempo passou, fizemos dos erros grandes lições e dos acertos combustível para continuarmos no processo de contribuir para que nações, povos e línguas conheçam o Senhor Jesus a partir daquilo que pudermos oferecer: arrecadação e potencialização de recursos; mobilização e conscientização da igreja sobre seu papel como agenciadora de salvação para todos os povos; investimento, treinamento e envio  de membros da própria igreja para missões dentro e fora do Brasil; interação e parcerias com outras igrejas para fomentar missões; etc.

Na minha trajetória cheguei a integrar a diretoria de uma pequena agência missionária recém organizada (feito que não pretendo repetir e que sinceramente não sei se foi mais um erro ou se foi um acerto), o que me fez conhecer por dentro o que muitos só conhecem por fora - algumas coisas, inclusive, não muito dignas de serem relatadas aqui. Isto posto, creio que falar de agências missionárias não é algo tão difícil para mim.

Embora o assunto requeira muito mais argumentos, adianto que agências missionárias podem ser o bem, mas também podem ser o mal; podem se tornar uma grande dor de cabeça quando a escolha ou parceria não for bem sucedida (há vários sites catalogando agências brasileiras, com suas respectivas áreas e campos de atuação). 

A propósito, penso que algumas dicas são necessárias para pastores e líderes de missões:

1) Ao escolherem uma agência missionária para firmar parceria, prefiram as que têm história e liderança confiáveis;

2) Prestem atenção se há uma boa estrutura sustentando a agência escolhida, se existe uma boa sede administrativa, um bom centro de treinamento (chamadas bases missionárias);

3) Considerem as agências que oferecem administração transparente (como usam ou administram o dinheiro; como se distribuem os cargos e funções; etc.);

4) Procurem saber se há bons antecedentes e boas referências de outras igrejas e/ou pessoas em relação a organização e aos seus donos / diretores / presidentes / líderes;

5) Certifiquem-se de que a agência em análise oferece ambiente satisfatório para abrigar candidatos em treinamento ou em trânsito;

6) Exijam comprovação de que a agência pode cuidar (pastorear) dos obreiros / missionários tanto na sua base, como no no campo, e de que se comprometem em manter contato permanente com as igrejas e famílias destas pessoas;

7) Se possível, tenham a curiosidade de conversar com pessoas que tiveram experiências anteriores com a agência para onde pretendem enviar seus obreiros (hoje em dia isso é muito fácil), procurando conhecer, inclusive, tanto os trabalhos e ações da base, como o andamento nos campos.

8) Prestem atenção nas chamadas agências "interdenominacionais", pois em razão de muitas delas serem dirigidas por obreiros oriundos desta ou naquela denominação, sempre irão prevalecer suas convicções teológicas, doutrinárias e até denominacionais mesmo.

No demais, pastores e líderes precisam lembrar que agências missionárias representam apenas mais uma alternativa. Honestamente reconheço-as como ferramentas úteis e importantes para o cumprimento da Grande Comissão, porém, afirmo que nem sempre são indispensáveis. Em muitos casos é plenamente possível preparar candidatos a Missões para campos nacionais ou transculturais, e enviá-los sem a utilização ou intermediação de agências ou organizações missionárias - tem que seguir uma trilha, mas insisto por experiência própria que é possível!

Quaisquer dúvidas, comentários ou críticas pertinentes, escrevam para mim, clicando no ícone do envelopinho do lado direito.

Um forte abraço!

- pr Aécio -

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