BY: Pb Paulo Cristiano
Há poucos dias fui interrogado por um aluno de teologia sobre a relação da palavra portuguesa moleque com o nome hebraico moloque. Este aluno me citou o Dicionário Bíblico Universal que usa o verbete moloque e moleque de modo intercambiável.
Pesquisando o assunto achei um
blog onde o autor defende a tese da influencia de moloque em moleque:
“Muitos servos do Deus Vivo, homenageiam esse demônio, sem querer e sem
saber, ao chamarem suas crianças de Moleque ou ainda cantando “boi… boi…
boi… boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta…”
Esse
exemplo não é caso isolado no universo evangélico. Reflete o tipo de
hermenêutica que muitas vezes impera nas igrejas evangélicas. É o que eu
chamo de hermenêutica do senso comum. Acontece que fora à semelhança
fonética, moloque, semanticamente falando, não tem nada a ver com a
palavra portuguesa moleque. Estão separados histórica e linguisticamente
um do outro. Moloch ou Moloque, também conhecido como Malcã era uma
divindade pagã do povo amonita em cujo altar era oferecido sacrifício
infantil (Lv 18.21). O significado mais provável para este nome era
“rei”. Muitas seitas já utilizaram este recurso semântico para criar
heresias em cima de palavras semelhantes, a título de ilustração o nome
IE-SUS que segunda a seita Testemunhas de Iehoshua vem da palavra pagã
“deus porco”.
Já a palavra portuguesa moleque vem da palavra
mu’leke no idioma Quimbundo que é uma das línguas bantus mais faladas em
Angola, e seu significado é “filho pequeno”. A Wikipédia afirma:
“Originalmente era usado apenas em referência à criança negra. Hoje já
não se reconhece mais este significado. Durante a escravidão do Brasil,
tratar um branco por “moleque” era uma grande ofensa, uma vez que este
termo referia-se sempre ao escravo. Atualmente, além de indicar qualquer
garoto (às vezes, utilizado para designar a criança levada, travessa,
seja ela branca ou negra), também pode ser utilizado (quando em relação a
um adulto) para designar um individuo sem vergonha, sem palavra, sem
responsabilidade, cujas atitudes são iguais a de uma criança”.
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