Já faz um tempo que ensaio escrever sobre esse assunto e
acredito ser o momento oportuno. Escreverei estas poucas linhas com base numa
inquietação que nasceu das minhas observações em relação a maneira como o mundo
atual força as crianças a deixarem de ser crianças tão prematuramente. Não é
novidade que nossos filhos e filhas são dia e noite e em todo lugar,
bombardeadas pelas tendências de modas fomentadas exaustivamente pelas mídias,
forçando-os a usar, fazer, ter e ser isto ou aquilo. Mas, o que mais me
incomoda é ver que aqueles que deveriam cuidar da formação dos infantes, os
pais, são os que mais contribuem para que a situação piore. Sim, existem pais
que amam ver seus filhos com roupas de adultos, com penteados de adultos, com
maquiagem de adultos, ouvindo músicas de adultos, assistindo filmes para
adultos, lendo literaturas para adultos, jogando games para adultos, com poses
de adultos, enfim, praticando e fazendo coisas que só adultos deveriam praticar
e fazer – esse comentário não exclui pais evangélicos.
A propósito, há poucos meses envidei uma cruzada contra a
atitude de pais que consentem com que filhos pequenos (4, 5, 6, 7, 8 anos, etc.)
tenham perfis no Facebook. Na verdade, de uma forma indireta, quis denunciar o
que para mim é um misto de comportamento negligente e idolatria por parte daqueles que acabam se tornando “paus mandados” de
filhos ainda pequenos. Me dei muito mal – houve até família saindo da igreja,
porém, não desisto da luta: Pais covardes, que cedem às próprias vaidades ou aos caprichos de
filhos mimados, são pais covardes e
pronto! Não me arrependo e vou continuar na mesma empreitada.
Bom, voltando ao assunto, é triste ver a infância de
menininhas e menininhos sendo massacradas e, cá entre nós, até ridicularizada.
Tudo isso sob a anuência de pais e mães que acham bonitinho, engraçadinho,
descoladinho e tal ver seus rebentos “fantasiados” de gente grande. Mas, não
sabem esses pais que tudo o que permitem e incentivam seus filhos a fazerem
hoje pode repercutir de forma negativa no resto de suas vidas? Na fase adulta, por
exemplo, muitas pessoas acabam sofrendo distúrbios psicológicos terríveis em
razão de uma infância mal orientada, mal conduzida ou mal formulada.
Olhem ao seu redor e percebam menininhas pequenas com
roupas sensuais e maquiagem pesada, erotizadas, produzidas por mamãe que ainda
por cima as expõem sem nenhum constrangimento no Facebook ou no Instagram - depois
se enchem de um orgulho (bobo) pelo tanto de curtidas e comentários (muitas
vezes bobos também) quando deveriam se questionar: É certo que estamos fazendo?
O que dizer dos pais que desde cedo inventam de vestir os
filhos que nem sabem falar como o artilheiro de seu time do coração, com
direito a corte de cabelo igualzinho e tudo? Que tipo de gente esses pais estão
formando? Que mentalidade esses pais estão construindo em seus filhos? Quais
referências ou parâmetros no futuro essas crianças terão? De funkeiras e celebridades
muitas vezes promíscuas, drogadas, rebeldes, com pouca ou nenhuma consideração
aos próprios pais e família? É lamentável, mas parece que sim!
Termino com alguns apelos aos pais:
- Deixem as crianças serem crianças;
- Não as perturbem com suas maluquices e paranoias, nem
mesmo com aquelas frustrações, projeções ou fixações pessoais;
- Conduzam seus filhos com sabedoria e os deixem em paz
para que eles vivam suas próprias histórias;
- Não os forcem a ser isto ou aquilo com o intuito de
ganharem dinheiro ou para serem famosos ou algo assim – filhos jamais deveriam
ser vistos como “fonte de renda”;
- Não façam de seus filhos caricaturas de gente grande,
expondo-os muitas vezes em vídeos e fotos que podem fazer as pessoas rir hoje,
mas amanhã podem fazer vocês mesmos chorarem de arrependimento por as terem
forçado a ser aquilo de que nem tinham noção;
-Não sejam “exterminadores” da inocência de seus filhos.
O preço pode ser muito caro se vocês, pais, fizerem sua
parte mal feita agora.
“Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a
instrução e o conselho do Senhor.”
- Efésios 6.4
- pr Aécio -