Cinco denúncias de violência contra o idoso são registradas a cada hora no Brasil
FONTE: Notícias UOL
De janeiro a junho deste ano, o Disque 100 recebeu 22.754 denúncias de
violência praticada contra a pessoa idosa em todo o país. Foram em média
125 queixas por dia, cinco por hora. O serviço de atendimento
telefônico gratuito registra os mais diversos tipos de queixas de
violação aos direitos humanos e funciona 24 horas por dia, de
segunda-feira a domingo.
Segundo a SDH, pouco mais de 70% dos suspeitos denunciados têm
parentesco direto com a vítima. São irmãos, netos, primos, mulheres ou
maridos. Mas a assustadora maioria é composta pelos próprios filhos. Em
mais de 50% dos casos, são eles os suspeitos das agressões. E, em mais
de 70% das denúncias, o ataque acontece na própria casa do idoso.
Quase duas de cada três vítimas (64,74%) são mulheres. Mais de 47%
possuem algum tipo de deficiência física. Já o perfil do suspeito é
bastante equilibrado: 43% são mulheres e 41%, homens. Ainda segundo a
secretaria, a maioria dos suspeitos de agressão (36,21%) têm entre 25 e
45 anos.
Os tipos de violência denunciados com mais frequência são de
negligência (75,07%), psicológica (56,06%) e de abuso financeiro e
econômico (45,48%). Denúncias de violência física somam 28,03%. A
secretaria esclarece que uma mesma denúncia pode englobar mais de um
tipo de violência.
RN, DF e RJ têm maiores índices de denúncia
Os Estados do Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Rio de Janeiro
apresentaram no primeiro semestre de 2013 os maiores índices de
denúncias de violência contra a população idosa feitas ao Disque 100,
segundo a SDH.
O Rio Grande do Norte registrou a proporção de 25 queixas para cada 100
mil habitantes; o Distrito Federal, 24,7; e o Rio de Janeiro, 21,9.
Roraima foi o Estado que teve menos notificações: 3,1 para cada grupo de
100 mil pessoas.
Já em números absolutos, São Paulo foi o Estado que mais teve registro
de denúncias: entre janeiro e junho deste ano, foram 3.784, o que
representa 16,63% do total. Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro,
com 3.509 queixas, equivalendo a 15,42% das denúncias. Em terceiro,
aparece Minas Gerais, com 1.882, ou 8,27% do total.
Aumento de denúncias
O Disque 100 existe desde 1997, mas só em 2011 passou a receber
denúncias de violência contra a população idosa. Antes disso, o foco do
serviço telefônico era para queixas ligadas à violência sexual contra
crianças e adolescentes.
Só nos primeiros seis meses de 2013, o canal de denúncia registrou
quase o número anotado ao longo de todo o ano de 2012. Neste ano, foram
22.754 queixas contra 23.523 no ano passado. Segundo a Secretaria de
Direitos Humanos, entre 2011 e 2012, houve um aumento de 65% na
quantidade de denúncias de violência contra o idoso.
A coordenadora dos direitos do idoso da SDH, Neusa Pivatto Müller, não
acredita que esse crescimento signifique que mais idosos têm sido
vítimas de algum tipo de violência. "Em maio de 2012, iniciamos uma
campanha junto aos conselhos, às comunidades e à imprensa no sentido de
divulgar o serviço. O resultado foi muito positivo. Acredito que a
sociedade está puxando para si a responsabilidade pelo cuidado em
relação aos idosos", afirma.
Após a ligação para o Disque 100, a queixa é encaminhada para a
polícia, o Ministério Público, o Creas (Centro de Referência
Especializado de Assistência Social) e o Conselho do Idoso.
"O serviço é importante porque pode mediar o processo, já que muita
gente não quer ir a uma delegacia para fazer a queixa", explica Neusa
Pivatto.
Mais casos
Apesar do aumento das denúncias de violência contra a população idosa,
acredita-se que o número efetivo de casos deva ser bem maior por causa
da subnotificação.
A coordenadora Neusa Pivatto fala que o fato de a maioria das vítimas
ser mulher se torna um agravante do problema. "Mesmo sendo vítimas,
muitas vezes tendo os próprios filhos como agressores, elas se sentem
culpadas, porque se consideram responsáveis pela criação dos filhos.
Isso deixa a idosa fragilizada, deprimida, desgostosa da vida. Então ela
acaba não denunciando", diz.
Ela acrescenta que o fato de muitos dos idosos viverem e dependerem
financeiramente dos filhos faz com que eles temam que a violência piore,
caso tomem a iniciativa de denunciar o caso. "Às vezes o próprio
agredido nega o que aconteceu por causa da dependência", afirma.
Segundo dados do Disque 100, 90% das denúncias registradas no primeiro
semestre deste ano foram feitas por pessoas que afirmaram ser
desconhecidas ou que não quiseram dizer se conheciam ou não o idoso.
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