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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O ISLÃ CRESCE: E AGORA IGREJA BRASILEIRA?

Cresce número de adeptos do Islã no Brasil


 FONTE: verdadegospel.com
 VIA: CACP

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O Islã, religião que aportou no Brasil pelas mãos de mouriscos (muçulmanos convertidos ao cristianismo) de Portugal no século XVI, vem crescendo no Brasil e especialistas já tratam como fenômeno religioso o fato de um grande número de brasileiros ascenderem ao topo da hierarquia de entidades muçulmanas.

“Em algumas cidades, como Salvador e Recife, centros islâmicos que historicamente eram presididos por muçulmanos de origem árabe hoje têm brasileiros ocupando o posto”, afirma o sheik sírio Jihad Hassan Hammadeh, que preside o conselho de ética da União Nacional Islâmica (Uni).

O soteropolitano Wilton José de Carvalho é um exemplo desse novo cenário, católico praticante ele foi apresentado ao islã por um amigo em 1990. Desde então, já como Yussuf, junto com o amigo e outros quatro brasileiros e três africanos, passaram a se reunir e fazer orações em uma pequena sala alugada no centro de Salvador. Em 1994 o grupo se mudou para um imóvel comercial e fundaram o Centro Cultural Islâmico da Bahia. Na instituição, o baiano foi diretor patrimonial, passou pela vice-presidência e é, desde 2010, o primeiro brasileiro a comandá-la.

Segundo dados da Uni, em aproximadamente dez anos o número de mesquitas saltou de 70 para 115. Nesse mesmo intervalo, triplicou a quantidade de sheiks que falam português. E não é só isso, os brasileiros não só ascenderam ao topo da hierarquia de instituições já estabelecidas como têm erguido novos espaços religiosos.

“No Nordeste, entidades islâmicas estão sendo criadas por brasileiros cuja adesão à religião não vem de berço”, afirma o antropólogo Paulo Hilu, que dirige o Núcleo de Estudos do Oriente Médio da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A propagação de templos islâmicos também tem adeptos em São Paulo, onde o ex-evangélico Cesar Mateus Rosalino, hoje muçulmano sob o nome de Kaab Al Qadir, construiu uma mussala (sala de reuniões) na favela Cultura Física, em Embu das Artes. No local, que ganhou o nome de mussala Rahmah, Kaab exibe uma barba comprida digna de um muçulmano padrão e conta que recebe aproximadamente 20 pessoas em algumas reuniões. O local já contou, inclusive, com a presença de um sheik moçambicano.

Para a coordenadora do Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes, Francirosy Ferreira, um dos principais fatores que impulsionam o avanço da religião no país é a maior frequência do uso do português no dia a dia de mesquitas, entidades islâmicas e mussalas.

“Há mais líderes falando e ensinando o islã em português. Isso ajuda no entendimento e divulgação da religião”, afirma a professora de antropologia do departamento de psicologia social da Universidade de São Paulo (USP).

O sheik Jihad, 48 anos, que dá expediente em São Bernardo do Campo (SP), onde está uma das maiores comunidades islâmicas do Brasil, é um dos 15 líderes religiosos que falam fluentemente o português. Em entrevista à IstoÉ, ele diz que antigamente o idioma era pouco adotado porque os sheiks desembarcavam vindos de um país islâmico já com a vontade de retornar à sua terra natal.

“Isso não os encorajava a se dedicar ao português. Atualmente, a aproximação ao idioma é maior porque grande parte dos que chegam ao Brasil pretende se estabelecer aqui”, diz ele.

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