Nos últimos dois meses o Grupo de Homens da igreja (Ibero) tem realizado discussões e reflexões sobre o tema “Dez Mandamentos da Criação dos Filhos”, baseadas em livro de mesmo nome, escrito por Ed Young.
Nos dois encontros que
participei observei as falas, as trocas de experiências e os comportamentos nos
momentos das discussões, procurando captar o máximo possível, na tentativa de avaliar
minha própria paternidade, meu papel frente a minha prole de cinco meninas. Afinal, ao longo dos quase vinte e dois anos
no exercício da “missão” de ser pai aprendi que não há “senhores da razão”, nem
experts (e se algum, por acaso,
tentar posar como tal vai quebrar a cara!), mas homens que precisam reconhecer
que sempre deve haver espaço para aprender mais uns com os outros, pois criar
filhos é algo tão dinâmico e ao mesmo tempo tão diverso, que cada relação e
forma de lidar entre os protagonistas (pais e filhos) são únicas, quase não se
repetindo, mesmo quando se trata do mesmo pai com vários filhos – ou seja, cada
relação, cada experiência nessa jornada é única e cheia de nuances que diferem
entre si, em quase todos os aspectos.
No meu caso, são cinco filhas,
sendo a mais velha às vésperas de completar vinte e dois anos, de personalidade
forte e nervos à flor da pele e a mais nova de oito, que é uma caçula cheia de
manhas e dengosa ao máximo. Um exemplo típico é que não raras vezes escuto reclamações
daquela em relação a essa mais ou menos assim: “Pai, por menos birra do que ela faz você já teria me dado uns tapas,
quando tinha a idade dela!”. Então, tento explicar que fui aprendendo a
lidar com certos comportamentos e a ter mais tolerância, mais paciência e tal –
acho que não a convenço muito... Acho ainda que ela, mais velha, não concorda
em nada com minha tentativa de explicar o inexplicável, mas é assim que tento escapar
das assertivas e reclamações similares.
Quanto às outras três, há uma
metódica que vai fazer vinte e um anos, e é maníaca por ordem. Às vezes ela é
meio enigmática, um tipo de “agente 007” que de vez em quando preciso não só
entende-la, mas decifrá-la também (ela vai ficar brava por isso, por que também
é muito sensível).
Há uma “patricinha” (é só uma metáfora, tá gente?) de dezessete anos que
ama se produzir (como boa discípula da mais velha), que adora se maquiar e se
perfumar. Com carinha de princesa, essa aqui não esconde a leoa que existe
dentro dela quando o assunto é defender suas razões (leia-se território) ou
reivindicar seus direitos repetidas vezes, até conseguir o que quer, precisa,
etc.
Só faltou aquela a quem
chamamos carinhosamente de “Preta”. Essa é ligada no 220, vinte e quatro horas
por dia! 50% do sangue dessa menina deve ser adrenalina! Com nove anos ela quer
saber de tudo, entender de tudo e opinar em tudo, além de gostar de brincadeiras,
desafios e muitas coisas que interessam a meninos ou a crianças bem mais
velhas... Cansei só de pensar na serelepe!
Contudo, me sinto feliz e
realizado. Ser pai para mim não é um bicho de sete cabeças como pintam por aí. Aliás,
sempre ouço muitos comentários e opiniões preconceituosas por parte dos novos
casais em relação a ter filhos, dos quais não concordo nem compartilho na maioria
das vezes.
Concordo sim que ser pai
sempre foi, é e sempre será um imenso desafio. Porém, a despeito das dores de
cabeça comuns à experiência da paternidade, creio que é recompensador para
aqueles que levam a missão a sério, e que desempenham bem seu papel, pois certamente
colherão os frutos do seu trabalho no devido tempo.
Finalizo com a observação de
que não tive a intenção de reclamar, expor ou de ridicularizar minhas filhas
nas linhas acima, ao citar um pouco dos seus comportamentos de forma
brincalhona – elas mais me dão prazer e orgulho do que problemas. Também não
pretendo passar a imagem de “pai perfeito” ou “certinho”. O fiz com o intuito
de mostrar nas entrelinhas que não acho nem fácil e nem simples ser pai. Foi
também uma forma de mostrar que a paternidade não é uma posição, mas um processo
contínuo de aprendizado.
Para que esse processo tenha
êxito, entendi com o tempo que é preciso mais que a disposição de acordar cedo
para pagar as contas no fim do mês. É muito mais: é caminhar juntos; é
dialogar; é conhecer e se fazer conhecido; é troca de conhecimentos e
sentimentos; é manter-se atualizado; é fomentar princípios; é formar caráter; é
contribuir positivamente na formação da personalidade deles através do exemplo;
é traçar limites com autoridade sem autoritarismo; é desenvolver confiança
mútua; é aprender com os próprios erros; é buscar conhecimento em boas
literaturas e absorver (ou copiar) sempre que possível, as experiências, os argumentos
e os comportamentos bem sucedidos de outros pais.
Por fim, entendo que a Bíblia,
as orações, a dinâmica espiritual saudável numa igreja local, devem permear as
relações entre pais e filhos em todos os seus desdobramentos.
Que Deus abençoe os pais desta
geração!
Um abraço.
- pr Aécio -
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