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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

ESTÃO ME PERGUNTANDO O QUE ACHO DA MARCHA PARA SATANÁS

Nada. Isso mesmo, não posso achar nada sobre algo que nem vi ainda, e que só está na esfera dos anúncios, propagandas e boatos. Mas, tudo bem, eis algumas considerações:

1 - A princípio não vejo nada novo. Porém, qual o problema de uma marcha para o gramulhão, visto que em I Jo 5.19 diz que "o mundo jaz no maligno” (ou “sob o poder do maligno”, na versão NVI)? Faz parte do jogo, das tramas do capeta.

2 – Ao invés de ocupar tempo se preocupando com um movimento bobo, que tal dedicar tempo em orar pelas nações, povos não alcançados e demais segmentos não alcançados pelo Evangelho em nossa sociedade, etc. (I Tm 2.1-4).

3 – Há quase dois mil anos a Bíblia diz que nossa luta é contra os poderes tenebrosos, demoníacos. Se você começou a orar combatendo o diabo depois que soube da marchinha do coisa ruim, aí sim, acho que está meio atrasadinho, não acha? Leia Efésios 6.12-18)

4 – Como a Bíblia faz falta na vida dos crentes, não é? Sentir-se ameaçado pela marcha do cão é sinal de que não leu, se esqueceu ou que nunca entendeu que contra a igreja “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 6.18). Além disso, desde o início é a Igreja quem segue em marcha triunfante contra o reino das trevas, não o contrário.

5 – O que tem de chamadas em mídias sociais para orar por causa da marcha do capiroto não é brincadeira! Agora, e quando passar esse evento, a tal marcha do belzebu? Será que o povo vai continuar orando? Ou será que vai continuar na mesma vidinha oca, apática, sem devocional e sem intimidade com o Todo Poderoso?

6 – Uma reclamação: lamento que muitos dos mesmos cristãos que ficam furiosos com a marcha do chifrudo não se indignem da mesma forma com outras marchas supostamente evangélicas, as quais escandalizam, dividem o povo de Deus e causam tantas polêmicas nocivas em nosso meio.

7 – Por último, cá entre nós: Tenho muito mais coisas para fazer e muitos outros motivos para me preocupar do que me distrair com a marchinha do tinhoso. Deixem seus adeptos marcharem, pularem, xingarem, provocarem e fazerem o que quiserem. São próprias deles essas coisas. Minha certeza está na Palavra de Deus, e o que leio é que o acusador já foi julgado e condenado; que tem pouco tempo e que logo será “... lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.”. Igualmente seus seguidores vão ter muito tempo para “marcharem” não PARA ou POR satanás, mas COM o próprio enganador pela eternidade: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (João 16.11; Ap 12.12; 20.10, 15).

Um abraço a todos.

pr Aécio

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

POR QUE OS MUÇULMANOS NOS ODEIAM?


 

BY: Philip Yancey
FONTE: MISSÃO EVANGÉLICA ÁRABE

Durante mais de uma década, os norte-americanos têm assistido pela televisão a turbas de muçulmanos clamando, aos berros, “Morte ao Grande Satã!” e queimando nossos presidentes em efígie. A geografia dos protestos muda — primeiro o Irã e a Líbia, depois o Líbano e, por último, o Iraque e a Argélia —, mas o zelo desses muçulmanos não. Alguns desses fanáticos religiosos nutrem verdadeiro desprezo por nós.
A maioria dos norte-americanos não sabe como lidar com essas circunstâncias. Fazemo-nos passar por um povo amigável, que não deixa de sorrir e sempre estende a mão. Nossos líderes políticos parecem mais tios simpáticos do que tiranos implacáveis. O rótulo de “Grande Satã” continua a ser lembrado com ressentimento, pois encaramos os Estados Unidos como uma nação cristã, muito mais devota do que, digamos, a Europa Ocidental. Pelo menos, ainda freqüentamos a igreja. Como alguém pode nos chamar de abomináveis ou de pagãos? 

Muitos historiadores prevêem uma nova grande divisão entre as duas maiores religiões do mundo: o cristianismo e o islamismo. Nos últimos tempos, ficamos tão acostumados com a polaridade entre o comunismo e o capitalismo que nos esquecemos de que o mundo ocidental um dia esteve obcecado pela polaridade religiosa. Convém desenvolver a compreensão mútua para que não mergulhemos em um novo conflito de 800 anos de duração. 

A maioria das críticas islâmicas ao Ocidente parece girar em torno da ultrapassada palavra materialismo. Quando ela descreve a busca de riquezas e de comodidades trazidas pelo consumo, poucas nações árabes desaprovam: graças à receita gerada pelo petróleo, o Golfo Pérsico é a região mais rica do mundo. Mas o materialismo refere-se a uma abordagem filosófica, uma crença de que a vida humana consiste principalmente (ou exclusivamente) no que acontece aqui e agora no mundo material. 

Os discípulos do Islã tendem a nos ver como obsessivamente preocupados com a vida, não com a eternidade por vir. Uma das razões de Saddam Hussein apostar em uma invasão do Kuwait foi o fato de duvidar de que o Ocidente, particularmente os Estados Unidos, estivesse disposto a sacrificar milhares de vidas. Por outro lado, a guerra entre Irã e Iraque já havia provado que centenas de milhares de fiéis muçulmanos morreriam de bom grado em sinal de “glorioso sacrifício” diante da promessa de uma passagem instantânea para o paraíso. 

Em uma das grandes ironias da História, o Islã decidiu atrair para si postura de mártir. Os primeiros cristãos prevaleceram contra Roma porque escolheram as recompensas eternas, não a mera sobrevivência física. O sangue dos mártires foi a semente da igreja. Hoje, pouco se ouve falar de recompensas eternas no Ocidente, enquanto muito comentadas são as técnicas destinadas a manter a morte a distância. Os jovens árabes que estudam nos Estados Unidos saem impressionados, e geralmente escandalizados, com o tanto de energia que investimos na vida física. Examine o que se vende em uma banca de jornais local e conte os títulos de periódicos dedicados a musculação, dieta, moda e mulheres nuas — todos eles símbolos da importância dada às coisas materiais. 

Puritanismo é outra palavra cristã adotada pelas sociedades islâmicas. Durante a Guerra do Golfo Pérsico, pela primeira vez nos recentes anais da História, os soldados norte-americanos tiveram de passar sem álcool e sem Playboy, em deferência ao rigoroso código islâmico na Arábia Saudita. Poucos percebiam que a diferença de padrões morais entre o Islã e o Ocidente é de natureza filosófica, não apenas cultural.
Ao definir moralidade, a sociedade norte-americana tende a aplicar o princípio do resultado final: “Está prejudicando alguém?” A pornografia, portanto, é legal, desde que não envolva violência explícita ou assédio a menores. Você pode embebedar-se legalmente, desde que não quebre a janela do vizinho nem dirija seu carro embriagado, colocando em perigo a segurança dos outros. A violência na televisão é permitida, porque todos sabem que os personagens estão apenas representando. 

Esse referencial de moralidade trai o nosso materialismo implícito. Enquanto definimos prejuízo no aspecto mais físico do termo, as sociedades islâmicas abordam a questão de um ponto de vista mais espiritual. Nesse sentido mais profundo, o que poderia ser mais prejudicial do que o divórcio, digamos, ou a pornografia, ou a violência como forma de entretenimento, ou até mesmo a descrição cínica do mal banalizado em um programa de televisão como Melrose Place? A partir dessa perspectiva, os Estados Unidos passaram a receber a reputação de “Grande Satã”. 

O mesmo materialismo se faz sentir em nossos métodos preferidos de punição. Os norte-americanos se escandalizam com a “brutalidade” islâmica, como as decapitações, linchamentos em público e amputação das mãos dos ladrões. “Como podem ser tão cruéis?”, perguntamo-nos. Mas trancafiamos adolescentes em celas lotadas de criminosos infames; será que, em algum momento, ponderamos o que acontece com suas almas? “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma”, advertiu Jesus. E mais: “É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno”. 

O escritor italiano Umberto Eco (O Nome da Rosa; O Pêndulo de Foucault) escreveu um fascinante relato de uma viagem pela América intitulado Travels in Hyperreality (Viagem pela Hiper-realidade). Ele também retornou impressionado com o nosso materialismo básico. Observou que os norte-americanos chegam até a conferir substância física aos seus mitos. Os antigos gregos homenageavam seus heróis com música e poesia em torno de uma fogueira; os norte-americanos trocam apertos de mão com os seus, na Disneylândia, representados por pessoas caracterizadas em célebres personagens com fantasias de veludo e algodão.
A programação religiosa veiculada pela televisão intrigava Eco: “Se acompanhar os programas religiosos que a televisão leva ao ar aos domingos, você passa a compreender que Deus só pode ser sentido em forma de natureza, carne, energia e imagem tangível. E como nenhum pregador ousa nos mostrar Deus sob a forma de um boneco barbudo, ou como um robô da Disneylândia, Deus só pode ser encontrado em forma de força natural, alegria, cura, juventude, saúde e progresso econômico.” Onde está o mysterium tremendum, perguntava-se Eco; onde está o Deus sagrado, misterioso e inefável? 

Confesso que, das grandes religiões do mundo, o Islã é a que tenho mais dificuldade de compreender e de admirar. Não acho sua doutrina convincente e considero seu fanatismo aterrorizante. Entretanto, as questões levantadas pelo Islã deveriam incomodar os cristãos aqui no Ocidente. Acima de tudo, o Islã cultiva a crença em um Deus sagrado e misterioso, além de nutrir profunda fé em uma vida espiritual e imortal, não apenas em uma existência material e finita. Nós, “infiéis”, temos algumas lições a aprender.