Rodolfo Garcia Montosa
Publicado em 22.08.2011
De escriba, fariseu e louco, todo mundo tem um pouco.
Talvez, por isso, em seu último discurso público, Jesus tenha proferido os oito "ais" contra os falsos religiosos. A expressão "ai de vós" tem tanto um sentido de denúncia, quanto de tristeza do coração do Senhor. Tanto é expressão de advertência, quanto de dor. Tanto aponta o inevitável juízo que trazem sobre si aqueles que vivem a falsa religião, quanto revela o dano causado sobre os que os seguem. Cristo traz importante posicionamento contra a mentira, hipocrisia e falsidade. Assim, vejamos:
Ai dos que pregam a salvação por obras (Mt 23.13) - o sistema farisaico baseado em centenas de leis tornava impossível ao povo cumprir a "vontade" divina, fechando as portas de acesso a Deus. Só a graça de Deus estabelecida em Cristo abre a porta de acesso ao reino. Qualquer pregação que busca a justiça própria no cumprimento da lei recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que comercializam a fé (Mt 23.14) - essas autoridades religiosas cobravam tributos pesados de viúvas, ou reivindicavam parte em sua herança, tudo em nome das "longas orações". Todo o tipo de serviço religioso que cobra por seu favor e dons recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que buscam seguidores de si mesmos (Mt 23.15) - ao invés de conduzir a Deus, os judaizantes arrebanhavam seguidores e prosélitos da instituição, adeptos e partidários de seus próprios interesses. Todo aquele que prega sua instituição, denominação ou sua própria liderança acima de Deus recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que fazem falsos juramentos (Mt 23.16-22) - ao invés de ensinar o princípio de cumprir o que se promete, os fariseus encontraram uma fórmula de capacitar o povo a jurar sem a intenção de manter a palavra. Todo aquele que vive enganando disfarçando-se na pele de honestidade recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que confundem as prioridades (Mt 23.23-24) - os escribas e fariseus buscavam cumprir os detalhes da lei, como dizimar sobre a ninharia da hortelã, mas deixavam de lado atitudes essenciais como a justiça, a misericórdia e a fé. Todo aquele que coa o mosquito, mas engole o camelo recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que praticam rituais vazios (Mt 23.25-26) - a religiosidade fora reduzida à mera obediência de certos rituais que disfarçavam as atitudes pecaminosas e vergonhosas movidas por ganância e extorsão. Todo aquele que negligencia a busca constante de purificação do coração recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que mantém falsa aparência (Mt 23.27-28) - tais religiosos preocupavam-se demasiadamente com a imagem externa de pureza, mesmo que estivesse maculada com a imoralidade de pensamentos e intenções. Todo aquele que vive em pecado e quer manter uma imagem de santo recebe um "ai" de Cristo.
Ai dos que rejeitam os profetas (Mt 23.29-34) - os fariseus diziam honrar seus pais na fé, seus líderes profetas, mas a própria morte de Cristo deixaria evidente que isso não passava de mentira. A santidade da presença de Jesus trazia exposição à iniquidade daqueles falsos religiosos. Todo aquele que rejeita os santos e irrepreensíveis que Deus levanta recebe um "ai" de Cristo.
Jesus é cheio de misericórdia, mas também é todo justiça. É pleno em compaixão, mas também é puro e santo. Ele nos aceita como estamos, mas nos ama o suficiente para não nos deixar desse mesmo jeito. Somos salvos somente por sua graça, e somente por causa dessa graça é que crescemos em santidade. Assim, porque ele está vivo e presente em nossas vidas, podemos ser transformados de escribas e fariseus em verdadeiros discípulos!
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