Já escrevi muito, e algumas
vezes de forma confessional, sobre as mazelas do ofício pastoral.
Desprovido de qualquer paixão
ou ressentimento, tenho como premissa a ideia de mostrar às pessoas que leem
minhas matérias que nós, os pastores e ministros evangélicos, somos pessoas
comuns em todos os aspectos. Ainda que alguns colegas queiram posar de “anjos”
e outros de “semideuses”, somos de carne, ossos e imperfeições.
Uma das coisas que tem causado
muita confusão e gerado falsas expectativas no público em geral, naquilo que
tange ao ministério pastoral, é essa midiatização exagerada de obreiros que
querem passar a imagem de imbatíveis ou intocáveis. Ledo engano.
Mesmo que muitos queiram
suprimir ou não admitir, nós pastores somos tão humanos, tão gente como
qualquer um e, portanto, fracos, carentes, volúveis, enfim, portadores de todas
as mazelas comuns aos pobres mortais. Pastores se desesperam, se irritam, se
enfurecem, têm ressentimentos (podem odiar até), se enfermam (física, psíquica
e espiritualmente), se deprimem, sentem solidão, se frustram, têm dúvidas e possuem
incontáveis medos.
Se a essa altura você imagina
que quero justificar ou explicar pecados ou escândalos que pastores promovem
por aí, está redondamente enganado. Também não desejo massacrar minha classe,
como se eu mesmo estivesse imune às coisas que repudio, censuro e ataco com a
veemência que me é peculiar. Muitíssimo pelo contrário. Os pecados e os escândalos
protagonizados por alguns de nós só endossam minha tese aqui. Geralmente o
problema é que do lado de cá – é o que penso – observo que existe uma buliçosa tendência
(ou uma tentação?) de nos deixarmos levar pela falsa sensação de segurança
produzida pelo status de liderança;
além de sublimarmos a possibilidade de cometer os pecados mais horrendos. Da
mesma forma, podemos subestimar os demais perigos que nos rondam, aumentando
exponencialmente os riscos de cair nas armadilhas de um mundo tão corrompido,
moral e eticamente falando.
Após mais de vinte anos de
exercício pastoral, e conhecendo minhas imperfeições quero fazer dois pedidos
aos leitores que tiverem a oportunidade de ler essas poucas linhas. Primeiro,
peço aos familiares, vizinhos, amigos, frequentadores e membros de igrejas que
lidam ou conhecem algum pastor ou ministro do evangelho que não projetem neles
expectativas que jamais serão satisfeitas – como aquelas em que pastor deve
estar sempre sorrindo e de bom humor; sempre de bem com a vida e pronto para
ajudar ou atender um pedido de socorro; sempre em “consagração”, orando ou
lendo a Bíblia; etc.
O outro pedido é para meus
companheiros de ministérios, amigos, chegados (ou não), conhecidos e
desconhecidos: Por favor, não caiam na armadilha de achar que são como anjos. Assumam sem medo sua humanidade. Afinal, a humildade em assumir nossas imperfeições pode ser o
início de uma jornada rumo à perfeição almejada por Aquele que nos chamou.
“Não que já a tenha alcançado, ou que seja
perfeito...” - Paulo, o apóstolo, em Filipenses 3.12
Um abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário