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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

(DESFAZENDO) O MITO DO PASTOR PERFEITO




Já escrevi muito, e algumas vezes de forma confessional, sobre as mazelas do ofício pastoral.

Desprovido de qualquer paixão ou ressentimento, tenho como premissa a ideia de mostrar às pessoas que leem minhas matérias que nós, os pastores e ministros evangélicos, somos pessoas comuns em todos os aspectos. Ainda que alguns colegas queiram posar de “anjos” e outros de “semideuses”, somos de carne, ossos e imperfeições.

Uma das coisas que tem causado muita confusão e gerado falsas expectativas no público em geral, naquilo que tange ao ministério pastoral, é essa midiatização exagerada de obreiros que querem passar a imagem de imbatíveis ou intocáveis. Ledo engano.

Mesmo que muitos queiram suprimir ou não admitir, nós pastores somos tão humanos, tão gente como qualquer um e, portanto, fracos, carentes, volúveis, enfim, portadores de todas as mazelas comuns aos pobres mortais. Pastores se desesperam, se irritam, se enfurecem, têm ressentimentos (podem odiar até), se enfermam (física, psíquica e espiritualmente), se deprimem, sentem solidão, se frustram, têm dúvidas e possuem incontáveis medos.

Se a essa altura você imagina que quero justificar ou explicar pecados ou escândalos que pastores promovem por aí, está redondamente enganado. Também não desejo massacrar minha classe, como se eu mesmo estivesse imune às coisas que repudio, censuro e ataco com a veemência que me é peculiar. Muitíssimo pelo contrário. Os pecados e os escândalos protagonizados por alguns de nós só endossam minha tese aqui. Geralmente o problema é que do lado de cá – é o que penso – observo que existe uma buliçosa tendência (ou uma tentação?) de nos deixarmos levar pela falsa sensação de segurança produzida pelo status de liderança; além de sublimarmos a possibilidade de cometer os pecados mais horrendos. Da mesma forma, podemos subestimar os demais perigos que nos rondam, aumentando exponencialmente os riscos de cair nas armadilhas de um mundo tão corrompido, moral e eticamente falando.

Após mais de vinte anos de exercício pastoral, e conhecendo minhas imperfeições quero fazer dois pedidos aos leitores que tiverem a oportunidade de ler essas poucas linhas. Primeiro, peço aos familiares, vizinhos, amigos, frequentadores e membros de igrejas que lidam ou conhecem algum pastor ou ministro do evangelho que não projetem neles expectativas que jamais serão satisfeitas – como aquelas em que pastor deve estar sempre sorrindo e de bom humor; sempre de bem com a vida e pronto para ajudar ou atender um pedido de socorro; sempre em “consagração”, orando ou lendo a Bíblia; etc.

O outro pedido é para meus companheiros de ministérios, amigos, chegados (ou não), conhecidos e desconhecidos: Por favor, não caiam na armadilha de achar que são como anjos. Assumam sem medo sua humanidade. Afinal, a humildade em assumir nossas imperfeições pode ser o início de uma jornada rumo à perfeição almejada por Aquele que nos chamou.

 “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito...”  -  Paulo, o apóstolo, em Filipenses 3.12

Um abraço!

- pr Aécio -

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