Por: Marcelo Gomes
Fonte: Instituto Jetro
Publicado em 24.07.2007
Servir pessoas é uma obrigação e um privilégio. Martin Luther King Jr. disse que “quem não vive para servir, não serve para viver”. Jesus, nosso modelo maior, lembrou que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos. A igreja, como corpo de Cristo e sinal da presença concreta do Reino de Deus entre os homens, deve ser servidora e agente de transformação. Caso contrário, não é Igreja nenhuma.
Há muitas maneiras de servir. Há muitas pessoas que dedicam suas vidas ao serviço do próximo. Até mesmo a sociedade em geral já descobriu a importância do serviço solidário nas suas mais diferentes aplicações. A principal questão é: com que motivação servimos? O que, exatamente, nos move ao amparo e à solidariedade?
Uma das motivações comuns é a necessidade. Servir é necessário. A ausência de iniciativas relevantes de serviço é uma das razões pelas quais o mundo torna-se, cada dia, um lugar mais inóspito. Se não fizermos nada pelo bem coletivo, breve sofreremos as conseqüências do avanço da miséria, da violência e da maldade humana. Quem serve ao próximo, na perspectiva da necessidade, serve a si mesmo e às futuras gerações.
Outra motivação bastante comum é a oportunidade. As pessoas que servem, neste caso, esperam receber uma recompensa por isso. Terrena ou celestial. A terrena refere-se aos rendimentos, hoje cada vez mais atrativos, para quem trabalha no chamado “terceiro setor”. A celestial é a expectativa da religião, sobretudo aquelas que acreditam poder conquistar a salvação pela prática do serviço e da caridade.
Estas motivações podem ser nobres, mas não são cristãs. A Igreja servidora é motivada pela consciência de dívida. Havendo, ou não, necessidade. Havendo, ou não, recompensa futura. Servimos aos homens como quem serve a Deus. Servimos a Deus como quem reconhece o alto preço que pagou por nossas vidas. Servimos a Deus por amor. Nas palavras de João: “porque Ele nos amou primeiro”.
Duas palavras significativas caracterizam este amor e nos ajudam a servir com cada vez maior motivação: graça e misericórdia. Graça diz respeito a tudo aquilo que não merecemos e Deus faz por nós. Misericórdia diz respeito a tudo aquilo que merecemos e Deus não faz. Merecemos juízo e punição, mas Deus nos perdoa e salva. Não merecemos bênçãos ou promessas, mas Deus nos inunda de maravilhosas razões para a alegria. Assim é Deus, tão bondoso.
Por isso, servimos. Eis o motivo pelo qual o próximo é assumido como alvo de nossa solidariedade e amor. Deus nos visitou com graça e misericórdia, perdoou-nos e salvou-nos, abençoou nossas vidas com toda sorte de bênçãos. Somos devedores. Incapazes de pagar por tamanha graça. Servidores, como quem espera não a solução necessária, não a recompensa prevista, mas agradar um Deus tão generoso, responsável por nos dar a vida que tanto desejamos. Ao serviço, motivados pelo amor.
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