Há quase cinco meses tenho pregado sobre a passagem bíblica que conhecemos como “O Sermão da Montanha”, escolhendo como base para as exposições aquela registrada nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus.
Vibrei em revisitar a “galeria das bem-aventuranças”,
onde podemos entender que quaisquer sofrimentos, observados da perspectiva do
Reino de Deus são detalhes de somenos importância, diante da esperança que nos
reserva a eternidade nos céus (5.7-12).
Lembrei que o testemunho cristão deve sair da esfera do
discurso inerte e se tornar relevante, e que isto só é possível quando influenciamos
e envolvemos as pessoas ao nosso redor com o poder do Evangelho, atuando como
“sal” e “luz” (5.13-16) – elementos que
dificilmente passarão despercebidos onde quer que estejam presentes.
Refleti mais uma vez sobre o perigo de viver na miséria
espiritual sustentada pela religião “farisaica” – aquela que exacerba nas
exigências, mas que afrouxa na prática (Mt 5.17-20).
Voltei a estudar sobre os temas polêmicos dos Evangelhos,
aqueles que vão dos “sentimentos assassinos”, passando pelo adultério no
coração e que chegam até ao odioso e traumático divórcio (5.21-31).
Reavaliei minha própria conduta diante do perigo de
subjetivar, ou tratar levianamente aquilo que é sagrado. Além disso, fiz uma introspeção
para ver como andam meu senso de justiça própria e minha predisposição em lidar
(ou “liquidar”) aqueles que me aborrecem ou me incomodam (5.33-48).
Cheguei envergonhado no capítulo 6, quando me dei conta
do quanto somos mesquinhos ao acharmos que temos tantas dificuldades, enquanto muita
gente com muito mais necessidades que nós, se sentiriam felicíssimas com bem menos
da metade do que a maioria de quem vai ler estas linhas tem ou é (1-4).
Vi que oração e jejum são práticas que facilmente corrompemos
pela nossa tendência de querer exibir uma espiritualidade de fachada muitas
vezes, enquanto Deus continua esperando uma entrega íntima e verdadeira
(6.5-18).
Percebi que os bens materiais desta vida podem ser
paradoxalmente tão atraentes quanto desprezíveis; que meus olhos devem ser
treinados de forma a contemplar o que eterno, e que por mais que anseie pelas coisas
da vida – e que por elas perca o sono – o tempo e a história não irão parar só
para que lamente minhas próprias misérias (6.19-34).
Dei meia volta e reencontrei no espelho da minha consciência
uma pessoa cheia de defeitos e contradições, mas que muitas vezes se vê à cata
da perfeição nos outros (7.1-6).
Entendi de uma vez por todas que desistir é o mote dos
fracos. Também consolidei o entendimento de que o simples fato de poder orar é, por si só, mais importante do que quaisquer respostas, e que caminhos e opções fáceis
nunca serão sinônimos de conquista ou êxito (7.7-14).
Li sobre os falsos profetas e senti repugnância só de
pensar naqueles que enganam em nome da fé. Mas, para não cair na contradição de
julgar os outros e não ser flagrado pelo Juiz dos Juízes naquele dia (comentário
acima), vasculhei minha despensa testando a qualidade dos frutos que tenho dado
ao Senhor e oferecido àqueles que tenho a obrigação de servir (família,
sociedade e igreja) – conclui que preciso melhorar muito (7.15-23).
Finalmente, compreendi que não é o conhecimento
intelectual da Bíblia, nem o muito que possa conhecer de teologia que vão me
livrar na hora do perigo, mas sim o quanto das Escrituras está presente nas
minhas experiências, pois só Elas podem dar a firmeza e a segurança necessárias
para que permaneça de pé, independente do tamanho das ameaças (7.24-29).
Fim.
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