Somos condicionados a aceitar a idéia de que Deus está sempre às ordens na primeira menção de Seu nome quando oramos. Às vezes não se sucede assim, creio – ou melhor, hoje creio assim.
Pode parecer estranha a seguinte afirmativa, mas tenho considerado e treinado meu coração a aceitar como grande benção cada oração não atendida. Uma das respostas para isto se dá pelo inegável e simples fato da incondicional soberania de Deus, que não se submete nem às nossas necessidades, nem aos nossos caprichos.
Muitas vezes me vejo em desespero. Oro, clamo, choro até, e nada. Pode até ser que o desespero seja legítimo nestes momentos, mas o silêncio de Deus parece a única resposta em algumas destas vezes.
Não entendo perfeitamente como e porque isto acontece, mas este silêncio (que incomoda) não raras vezes é tudo o que recebemos em troca de nossos clamores. Contudo, não por mera resignação, descanso na fé de que “ ...todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus...” (Rm 8.28).
Entretanto, encontro algumas pistas sobre o silêncio de Deus, além da consideração inicial sobre Sua soberania – tais pistas também me ajudam a aceitar as “não respostas”. A mais irrefutável e evidente é a presença do pecado. Os Salmos e o profeta Isaías nos dão algumas destas pistas:
“A face do Senhor está contra os que fazem o mal...” (Sl 34.16)
“Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Sl 66.18)
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouço.” (59.2)
Nestes momentos, a benção da oração não respondida reside na possibilidade de percebermos a presença do pecado em atividade, logo, podemos refletir sobre nossos atos, palavras e pensamentos pecaminosos que se tornaram verdadeiras fortalezas, impedindo assim o fluir de Deus nas orações. Sentimentos perversos (ódio, rancor, vingança, hipocrisia, etc.) também são catalizadores que favorecem, dão forma e força ao pecado, logo, quando não confessados e abandonados, agem como inibidores.
É num livro bem distante dos Salmos e Isaías que encontramos outra pista para a excusa de Deus em nos responder. A benção em Tiago 4.2 se revela quando vem à tona a indigníssima presunção humana, que pretenciosa e arrogantemente quer nos convencer de que Deus é um grande gênio da lâmpada, e o céu uma espécie de vitrine de shopping center ao nosso dispor:
“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tg 4.2)
Numa época em que somos acuados pelas teologias que pretendem anular a soberania de Deus, subestimar o pecado e divinizar as vaidades, achei oportuno refletir sobre este assunto, com a intenção de trazer aos leitores a fundamentação da fé que não depende de respostas ou não respostas de Deus para nos apegarmos a Ele; da fé que não se escora e não se resume em coisas que Ele faz ou deixa de fazer, ou que nos dá ou deixa de nos dar. Glórias a Deus por não responder todas as nossas orações! - pr Aécio
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