A série de cartões de Natal que produzi teve uma única intenção: Levar os visitantes do IberoSampa a uma reflexão sobre alguns dos comportamentos, típicos verificados nesta data, aqueles que excluem a compaixão e a empatia. Refiro-me à euforia do dar e ganhar presentes; ao exagero das comidas e das compras; à bebedeira desenfreada sob a desculpa do “ao menos no Natal”; etc.
Não, não quis despertar remorso ou repúdio, nem mesmo pensei em protestar contra o período festivo de final de ano. Quis chamar a atenção para estes eternos paradoxos e contrastes: Fartura e fome; abundância e miséria e Paz e guerra – dentre tantos outros. Pensei nos pacientes terminais; nos recém enlutados; nos parentes de presos que enfrentam as humilhantes filas de porta de presídio; nos catadores que vivem de nosso lixo; nas crianças drogadas da Praça da Sé e da “Cracolândia” (São Paulo); nos velhinhos “exilados” dos asilos; nos “sem-pai-nem-mãe” abandonados nos orfanatos e abrigos, vivendo sob a fria tutela do poder público e em muitas outras (cruas) realidades quem simplesmente caem no esquecimento quando nos deixamos absorver pelo clima das festas de final de ano.
É certo que há muita gente sincera, que se engaja em projetos que procuram conscientizar e amenizar dos menos favorecidos ou dos que foram tomados de assalto por algum infortúnio repentino – há de lembrar que tais pessoas não se conformam apenas com engajamentos sazonais, de fim de ano, por exemplo. Por mais sórdido que possa parecer, há também os que realizam atos de “caridade” nesta época querendo se mostrar, se exibir com gestos meramente proselitistas, desprovidos de misericórdia e sentimentos genuinamente benevolentes (a estes chamo de “bons samaritanos” eventuais).
Nem mesmo os cristãos (católicos, evangélicos ou protestantes) estão excluídos dos comportamentos aqui mencionados. Nestes, a indiferença se demonstra nas agendas e compromissos de cada um, pois se o desejo de curtir as festas das vésperas, de desfrutar dos feriados e aproveitar as férias os fazem esquecer até do bom testemunho, o que dirá da desgraça alheia! - pr Aécio
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