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sexta-feira, 25 de maio de 2012

ENTRE O FALAR E O PRATICAR



Já preguei, falei e escrevi muita coisa sobre os comportamentos que observo no meio cristão evangélico. Por não reter o óbvio, ou não me manter calado diante das “bobagens” que assisto em nosso meio, atualmente talvez não esteja, para alguns, entre as pessoas mais agradáveis ou simpáticas do mundo – para mim esta é a melhor parte e, para dizer a verdade, nem me esforço para mudar tal conceito ou opinião, porque teria que mudar de lado e fingir o que não sou, e nem pretendo ser.

Não interprete isso como arrogância, mas graças ao bom Deus, algumas pessoas deixaram de frequentar a igreja que pastoreio por não suportarem minhas pregações sem rodeios ou floreios – é isso mesmo, você leu graças ao bom Deus! Afinal, sempre entendi que púlpito não é lugar para pastores ou pregadores ficarem fazendo cafuné na cabecinha de quem vai à igreja em busca de afago no ego, simples assim!

Mas vamos ao que interessa: De todas as coisas que me incomoda na cristandade evangélica brasileira é a capacidade e a facilidade de usarmos e abusarmos das palavras. Somos bons no discurso, nos argumentos, etc., entretanto, a verdade inconveniente é que há um abismo entre o discurso e a prática, o que nos complica demais.

Das minhas observações destaco alguns exemplos:

Fala-se muito em oração – Mas o que acontece é que a maioria esmagadora dos crentes NÃO INVESTE TEMPO E NEM GOSTA de orar! A comprovação disto é mais simples do que se imagina. Basta levantar o número de pessoas que frequentam os cultos destinados a este fim, que aliás são sempre os mais mal frequentados! Há uma resistência fenomenal quando as igrejas são convocadas para encontros, reuniões ou cultos de oração.

Fala-se muito em compartilhar, distribuir ou dividir os bens com o próximo – É até covardia comentar sobre este trema em tempos de “terrorlogia da prosperidade”, era em que os crentes estão cada vez mais mesquinhos, gananciosos, materialistas e egoístas.

Fala-se muito em comunhão – No mínimo contraditório! As diferenças entre nós, cristãos evangélicos, não se limitam às questões teológicas, doutrinárias ou aos chamados “usos e costumes”. Na verdade, o que não faltam entre nós são panelinhas, grupinhos e relações baseadas em interesses nada espirituais ou cristãos.

Fala-se muito em contribuição para sustento da obra de Deus – Esta parte é uma das mais difíceis. Minha observação acima continua valendo, no que diz respeito à mesquinhez, etc. A verdade é há uma parte considerável dos crentes que são “sonegadores de dízimos”, resistentes às ofertas e demais formas de colaborar para o sustento dos trabalhos, dos ministérios e obras de suas igrejas.

Fala-se muito em obediência e submissão – Estes comportamentos são raros hoje em dia! A maioria esmagadora das lideranças evangélicas vai concordar com esta afirmação: Está cada vez mais difícil repreender, disciplinar, exortar e corrigir os crentes! Quase todo mundo exige demais, critica demais, acusa demais, briga demais, divide demais e opina demais. Então, basta endurecer um pouco para os mesmos membros “faladores” deixarem suas congregações ou fundarem uma nova denominação.

Fala-se muito em santificação – Na era dos relativos os absolutos não têm vez, nem a santidade escapa! Por “santificação” compreendemos que a Bíblia propõe a separação do pecado e das contradições do mundo à nossa volta, a fim de que possamos viver de acordo com os padrões morais, éticos e justos mais elevados possíveis. Entretanto, é cada vez mais comum ouvirmos de cristãos que mais envergonham o Evangelho com suas vidas e testemunhos escandalosos.

Fala-se muito em serviço cristãoNeste ponto, aí é que temos mesmo muito mais para lamentar do que para celebrar. A cada ano que passa há menos disposição da parte dos crentes em contribuir, quando o assunto é arregaçar as mangas. Voluntarismo é artigo escasso, os membros das igrejas exigem demais e cooperam muito pouco. Tanto nos trabalhos de cunho espiritual, como nas ações sociais, nos mutirões, etc. – a situação é extremamente desoladora.

Enfim, acho que já passou a hora de nós, cristãos evangélicos, pararmos de falar demais e fazermos mais. Do jeito que está não convencemos, não estamos fazendo muita diferença!

- pr Aécio -

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