Já preguei, falei e escrevi
muita coisa sobre os comportamentos que observo no meio cristão evangélico. Por
não reter o óbvio, ou não me manter calado diante das “bobagens” que assisto em
nosso meio, atualmente talvez não esteja, para alguns, entre as pessoas mais agradáveis ou
simpáticas do mundo – para mim esta é a melhor parte e, para dizer a verdade, nem me
esforço para mudar tal conceito ou opinião, porque teria que mudar de lado e fingir
o que não sou, e nem pretendo ser.
Não interprete isso como arrogância, mas graças ao bom Deus, algumas pessoas
deixaram de frequentar a igreja que pastoreio por não suportarem minhas pregações
sem rodeios ou floreios – é isso mesmo, você leu graças ao bom Deus! Afinal, sempre entendi que púlpito não é lugar para
pastores ou pregadores ficarem fazendo cafuné na cabecinha de quem vai à igreja
em busca de afago no ego, simples assim!
Mas vamos ao que interessa: De
todas as coisas que me incomoda na cristandade evangélica brasileira é a
capacidade e a facilidade de usarmos e abusarmos das palavras. Somos bons no
discurso, nos argumentos, etc., entretanto, a verdade inconveniente é que há um
abismo entre o discurso e a prática, o que nos complica demais.
Das minhas observações destaco
alguns exemplos:
Fala-se muito em oração – Mas o que acontece é que a maioria
esmagadora dos crentes NÃO INVESTE TEMPO E NEM GOSTA de orar! A comprovação
disto é mais simples do que se imagina. Basta levantar o número de pessoas que
frequentam os cultos destinados a este fim, que aliás são sempre os mais mal
frequentados! Há uma resistência fenomenal quando as igrejas são convocadas
para encontros, reuniões ou cultos de oração.
Fala-se muito em compartilhar, distribuir ou dividir os bens com o
próximo – É até covardia comentar sobre este trema em tempos de “terrorlogia
da prosperidade”, era em que os crentes estão cada vez mais mesquinhos,
gananciosos, materialistas e egoístas.
Fala-se muito em comunhão – No mínimo contraditório! As diferenças
entre nós, cristãos evangélicos, não se limitam às questões teológicas,
doutrinárias ou aos chamados “usos e costumes”. Na verdade, o que não faltam entre
nós são panelinhas, grupinhos e relações baseadas em interesses nada
espirituais ou cristãos.
Fala-se muito em contribuição para sustento da obra de Deus – Esta parte
é uma das mais difíceis. Minha observação acima continua valendo, no que diz
respeito à mesquinhez, etc. A verdade é há uma parte considerável dos crentes que
são “sonegadores de dízimos”, resistentes às ofertas e demais formas de
colaborar para o sustento dos trabalhos, dos ministérios e obras de suas igrejas.
Fala-se muito em obediência e submissão – Estes comportamentos são raros
hoje em dia! A maioria esmagadora das lideranças evangélicas vai concordar com
esta afirmação: Está cada vez mais difícil repreender, disciplinar, exortar e corrigir
os crentes! Quase todo mundo exige demais, critica demais, acusa demais, briga demais,
divide demais e opina demais. Então, basta endurecer um pouco para os mesmos membros
“faladores” deixarem suas congregações ou fundarem uma nova denominação.
Fala-se muito em santificação – Na era dos relativos os absolutos
não têm vez, nem a santidade escapa! Por “santificação” compreendemos que a
Bíblia propõe a separação do pecado e das contradições do mundo à nossa volta,
a fim de que possamos viver de acordo com os padrões morais, éticos e justos mais
elevados possíveis. Entretanto, é cada vez mais comum ouvirmos de cristãos que
mais envergonham o Evangelho com suas vidas e testemunhos escandalosos.
Fala-se muito em serviço cristão – Neste
ponto, aí é que temos mesmo muito mais para lamentar do que para celebrar. A
cada ano que passa há menos disposição da parte dos crentes em contribuir,
quando o assunto é arregaçar as mangas. Voluntarismo é artigo
escasso, os membros das igrejas exigem demais e cooperam muito pouco. Tanto nos
trabalhos de cunho espiritual, como nas ações sociais, nos mutirões, etc. – a
situação é extremamente desoladora.
Enfim, acho que já passou a
hora de nós, cristãos evangélicos, pararmos de falar demais e fazermos mais. Do jeito que está
não convencemos, não estamos fazendo muita diferença!
- pr Aécio -
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