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quinta-feira, 23 de junho de 2011

“VÍCIOS” PRESENTES NA PRÁTICA DA LIDERANÇA CRISTÃ - PARTE 3



DESONESTIDADE

“Faça o que digo, mas não faça o que faço.” Todos conhecem este manjado jargão, o qual denuncia o caráter dúbio de pessoas cujos discursos e práticas são totalmente antagônicos. Conhece alguém assim? Eu também! Isso para quem desempenha papel de liderança é execrável!

Gosto quando o apóstolo Paulo faz a defesa de seu ministério usando para tal o testemunho de seu estilo de vida ilibado e isento de quaisquer sinais de reprovação (leia um exemplo em II Ts 2.3-6). Porém, como vivemos dias em que líderes cristãos exploram, iludem, ludibriam e tiram vantagens das pessoas que deveriam cuidar, amar e manter relacionamentos saudáveis e de confiança, onde estão os que podem dizer o que Paulo disse?

Apesar de ter minha opinião sobre os desonestos, há quem diga que se trata de um desvio hereditário de caráter, uma doença; outros acham que é um traço comum a determinadas personalidades e quem afirme que o desonesto é fruto do meio em que está inserido.
Para mim, o desonesto – ainda que considerando a possibilidade de um ou outro poder sofrer de algum distúrbio patológico –, é um indivíduo mesquinho responsável por seus atos e, portanto, capaz de decidir entre abandonar esta conduta ou continuar lesando, defraudando as demais pessoas.

O que mais me incomoda em lideranças desonestas é a mentira – eles são uma mentira! Suas convicções são mentirosas, seus discursos são mentirosos, suas práticas idem. Infelizmente identificar e diagnosticar a desonestidade entre líderes não é tarefa fácil. Por mais trapaceiros e usurpadores que sejam, devo reconhecer que são altamente capazes de maquiar suas falas e seus comportamentos, enganando até mesmo os mais chegados – assim permanecendo até  que sejam desmascarados ou que tropecem em alguma contradição.
Falando nisto, lembrei-me de um filme cujo título é bastante sugestivo para meu comentário: O Mentiroso (com Jim Carey). No enredo, o filho pede como presente de aniversário que seu pai (um mentiroso contumaz vivido pelo ator citado acima) só fale a verdade neste dia. Já imaginou quanta sujeira não viria à tona se alguns líderes resolvessem viver um dia só falando a verdade?!

UTILITARISMO

Líderes precisam amar as pessoas, não simplesmente usá-las como se fossem coisas.  Estranhamente assistimos passivamente um hábito que chamarei de “coisificação” (comportamento típico de líderes que tratam as pessoas como se fossem objetos), se instalando nos ambientes das lideranças cristãs modernas.

Neste exato momento, em algum lugar há líderes usando, abusando, explorando e descartando pessoas como se fossem "coisas" – são estas atitudes que compõem o vício que denomino “utilitarismo”. Nos meios cristãos, o mais inquietante nesta sinistra faceta de algumas lideranças é o fato de não só usarem as pessoas: Eles usam a Bíblia para atingir seus intentos, distorcendo a interpretação de textos (como sempre: fora dos contextos) nos quais há exortações referentes à submissão, obediência, etc.
Como se não bastasse, é comum lideranças inescrupulosas também usarem suas posições além das mais diversas formas de persuasão, para convencerem os subordinados da dependência deles (sempre com o intuito de alcançarem determinados objetivos, por exemplo).

Líderes utilitaristas fazem o possível para criar uma espécie de relação simbiótica, na qual o que mais lhes interessam não é o bem estar dos demais, mas as “vantagens” que podem oferecer (dinheiro, favores, contatos, oportunidade de negócios, etc. – é triste, mas é verdade!). Os efeitos deste comportamento são devastadores. Dentre os quais, estão aqueles que levam indivíduos a níveis de frustração e decepção tão críticos que desenvolvem resistência e repulsa a todo tipo de liderança, como se todos os demais fossem usá-los, explorá-los ou simplesmente “coisificá-los”.

INFANTILIZAÇÃO

O “vício” da infantilização combinado ao anterior (utilitarismo) resulta numa fórmula que possibilita manter o domínio sobre indivíduos, grupos, equipes, enfim, sobre sociedades inteiras – esta é, por exemplo, a maneira favorita de governos totalitaristas subjugarem seus compatriotas!

O “sonho de consumo” de líderes motivados por desejos “hitlerianos” é o de exercer o controle absoluto sobre seus liderados – entenda absoluto como sendo o domínio sobre a maneira de pensarem; sobre suas opiniões; sobre suas vontades; sobre seus valores mais íntimos; etc.

Líderes inconsequentes costumam infantilizar as pessoas manipulando-as, induzindo-as quase que hipnoticamente com promessas atraentes e marketing enganoso. Falam de coisas que as pessoas querem ouvir, prometem o que elas desejam, simulam com técnicas simples (discursos, histórias, testemunhos, experiências, recursos visuais, etc.) ambientes e situações que elas passam a acreditar que são ou serão ideais para iniciarem ou darem prosseguimento aos seus planos, desejos e projetos pessoais.

Lamentavelmente devo admitir que os meios religiosos – e o nosso não foge à regra – são os mais férteis para este tipo de “vício” em razão das pessoas serem treinadas desde sempre a não questionarem suas respectivas lideranças, como se todas estas fossem 100% confiáveis e inerrantes – o que não é verdade!

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