Encontrar homens e mulheres dispostos a encarar o
ministério com atitude sacrificial e entrega total é missão quase
impossível em nossos dias. Em minha curta história de prática
ministerial na área do pastorado (16 anos) já lidei com incontáveis
situações desagradáveis envolvendo homens e mulheres, das mais
diferentes idades que se diziam chamado para ministério integral,
chamados para missões transculturais ou chamados para outras lideranças.
Com o passar do tempo, estes mesmos homens e mulheres não resistindo as
lutas, provas e demais exigências peculiares a quem almeja o
ministério, além de não conseguirem administrar as outras áreas de suas
vidas, logo voltam atrás em suas convicções outrora contagiantes. O mais
triste nisto tudo é que muitos deles assumiram compromissos diante de
congregações inteiras ou em reuniões de lideranças; testemunharam
emocionadamente como ocorreu o chamado e outras balelas.
Um dos casos que mais chamou minha atenção ocorreu há poucos anos, quando um moço que, ao subir ao púlpito para pregar, pedia para que a igreja fizesse uma espécie de declaração repetindo três vezes uma frase citando o nome de certo país no continente africano, onde iria fazer missões. Hoje, o mesmo não está nem na congregação, nem na África (pode ser que um dia vá, embora eu tenha minhas dúvidas).
Outro exemplo mais recente foi quando presenciei a decisão de (mais) um “pastor” (as aspas são uma maneira de dizer que muitos ditos “chamados para a obra” não saem das aspas nunca!) de abandonar a congregação e o rebanho que estava sobre seus cuidados, alegando “problemas pessoais e familiares”. Imagine só, como se o chamado estivesse condicionado e reduzido às complexidades de nossas vidas ou a condições familiares. Isto é até um insulto ao testemunho dos líderes da Bíblia e da história da Igreja, pois dá a impressão que aqueles não tinham nenhum problema ou ocupação, e que eram totalmente alienados no que diz respeito às questões familiares.
Quando dizemos que não podemos seguir no ministério em função de nossas agendinhas e demais situações corriqueiras, de duas uma: Ou nunca existiu chamado, ou então, estamos dizendo em outras palavras “Olha aí Deus, o Senhor se enganou quando me chamou, pois tenho muitos problemas e uma família que não me permite cumprir o que mandou, desculpe, mas esta é a minha condição.” – devo apenas considerar aqui (porque não sou irracional e para me prevenir das acusações de intolerante) que existem momentos de grandes turbulências no decorrer do exercício ministerial que nos fazem considerar a possibilidade de jogar tudo pro alto mesmo.
Muitos outros supostos “ex-chamados” que conheço nunca chegaram a realizar algo substancial naquilo que propunham; outros iniciaram algum projeto tímido, envolvendo-se com alguma coisa mais periférica aqui ou acolá, e alguns que até conquistaram certo espaço.
Ah! Existem aqueles que até cursaram em algum seminário (tem até os que conseguiram diploma pela internet, pode?) e fizeram algum barulho por aí, mas não passou de susto. No entanto, se quisermos encontrar muitos destes homens e mulheres dos quais citei como exemplos de “ex-chamados”, teremos grandes dificuldades para localizá-los, pois estarão ocupadíssimos demais com seus dilemas, problemas, ocupações seculares e outras atividades totalmente opostas ao que um dia disseram ter sido um chamado de Deus.
Na parábola da Grande Ceia (embora o contexto requeira um comentário específico) Jesus mostra algumas das desculpas que “ex-chamados” usam até hoje para justificarem sua negligência e desonestidade para com Deus, Sua Obra e Seu povo:
“Ele, porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir.” – Lucas 14.16-20
Se você se incomodou com esta mensagem por ter se identificado como um “ex-chamado”, não fique bravo comigo. Ore ao Senhor que é misericordioso e amoroso ao lidar até mesmo com seus servos mais negligentes e infiéis. Reconsidere sua posição diante de Deus e de Seu Reino com humildade; refaça o caminho de volta ao lugar para o qual Deus te designou e encare com mais seriedade aquilo que Ele confiou a você, e que só você mesmo poderá realizar para a Sua Glória!
- pr Aécio -
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