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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MISSÕES: O CAMINHO PARA O AVIVAMENTO

Constantemente ouço falar sobre avivamento e fico impressionado com o tamanho da ingorância de ministros e crentes comuns, dadas as definições e expectativas em relação ao assunto.
Há quem pense que avivamento é uma maneira diferente, revolucionária de adoração. Os adeptos da música gospel new wave, pensam que é um “mover extravagante” na forma do estilo horroroso “canto-choramingo” e ministrar (esta palavra [ministrar] está virando carne de segunda!) de modo a provocar experiência extras-sensoriais nas platéias em êxtase.
Alguns pentecostais, então, "viajam na maionese e piram da batatinha"! Basta a gente pronunciar a palavra avivamento num bom “marcosfelicianês”, dar três pulinhos pra lá e dois prá cá, caprichar numa pirueta e três rodadas daquelas que nos trariam fortes lembranças de Michael Jackson e pronto: "Tô avivado!"
Na visão dos fundamentalistas ou históricos (como queiram), o avivamento vem no bojo de um discurso mais sutil, mais filosófico: “É um retorno aos princípios elementares da palavra de Deus, acompanhado de sincera contrição e desejo intenso de santidade. É a retomada da vivência da Teologioa Reformada em sua essência e forma – Soli Deo Gloria”.
Para os neopentecostais, avivamento tem forma, cor e endereço: É barra de ouro! Está ao alcance da mão, basta determinar! Esta é a mentalidadee neopentecostal, tacanha e obtusa deposita que na conta dos megamilionários da fé a única perspectiva de vida para as igrejas, pois sem as bençãos liberadas pelas “palavras próféticas” e métodos mirabolantes (e duvidosos) de seus líderes megalomaníacos não há sucesso, muito menos avivamento.

A oportunidade de conviver e lidar com o meio missionário em boa parte de seus desdobramentos nos últimos 20 anos, me autoriza a dizer que não podemos chamar de avivamento, quaisquer movimentos desprovidos de ações missionárias efetivas e em todas as suas variante (intensa intercessão, abundante canalização de recursos e numerosas decisões de vocacionados ao campo, enviados e mantidos dignamente pelas igrejas locais). Esse pensamento, embora não seja compartilhado por boa parte da malha evangélica em nosso país não aconteceu por acaso, também não é fruto de nenhuma insatisfação com as concepções que, ironicamente, descrevi acima. É, sim, o resultado de estudos e pesquisas em livros e materiais sobre o assunto, e do que pude reter do que apredni com homens e mulheres comprometidos com missões; de experiências e observações colhidas ao longo deste tempo; da soma das visitas a vários campos, dentro e fora do Brasil; da participação de seminários, congressos, simpósios e afins; de ministrações em treinamentos transculturais; do trabalho voluntário em agências missionárias; de convivência com professores de missões; treinamento de candidatos a missões e a veteranos no campo e fora do campo e, sobretudo, das conclusões convicções originadas na leitura bíblica.

Ingressei no circuito missionário com ações locais tímidas numa pequena congregação em que fui membro durante os cinco primeiros anos da minha conversão, enfrentando a oposição – acredite se quiser – do pastor, de obreiros e demais lideranças locais. Lembro-me que até mesmo um quadro de avisos que eu e um grupo de outros jovens amantes de missões adotamos, transformando-o em mural para expor informações, fotos e estatísticas missionárias, tornou-se alvo de críticas e retaliações – parece piada, mas não é! Com o tempo, após muita insistência conquistamos (eu e um grupo pequeno de amantes de missões) um reduzido espaço durante um culto dominical no mês até podermos realizar um culto inteiro durante a semana. Como não havia engajamento do pastorado, dos demais líderes da congregação e, conseqüentemente da membresia, não houve frutos satisfatórios. Fomos vencidos pelo cansaço, logo, tudo o que fizemos foi por água abaixo e a igreja perdeu uma grande oportunidade de sair do marasmo, no qual permanece até hoje. O detalhe lamentável é que esta igreja já conta com mais de meio século de existência e permanece numa espécie de ostracismo e inocuidade; não consegue nenhuma imersão na comunidade em que está inserida; não possui uma estrutura mínima que atenda o apelo missionário e muito menos um sistema de ensino que satisfaça a necessidade de preparo do povo para uma mentalidade de expansão e alcance missionário. Não bastasse toda esta conjunção de fatores, a sofrida igreja é mantida desde aquela época sob uma rígida e arcaica estrutura denominacional que engessa qualquer tentativa de crescimento.
Para que nenhum irmão mais exaltado peque achando que estou sendo ingrato, presunçoso ou aproveitando o espaço para tripudiar, declaro que dei o exemplo acima não para desmerecer, expor ou ridicularizar a igreja que me acolheu nos primeiros anos de vida cristã, reconhecendo que, embora meu relato seja lamentável e frustrante, não é um fato isolado ou exclusivo. Infelizmente é a regra vivenciada pela enorme fatia do bolo de igrejas locais espalhadas em quase todo o território brasileiro, quiça do planeta.

Para quem é leigo no assunto, ainda existem milhares de etnias não alcançadas, várias línguas sem a tradução de nenhuma porção da Bíblia e enormes blocos religiosos e sistemas políticos que resistem e impedem o avanço do Evangelho. Avivamento de verdade só existe quando a gente vê a Igreja, representada nas milhões de igrejas locais empenhada com muito mais intensidade nas ações missionárias reais – simultâneamente nos âmbitos locais, regionais e transculturais. Investindo a maior parte de sua arrecadação financeira em tarefas que visem o alcance dos não-alcançados; mobilizando-se em atividades de intercessão sistemática; disponibilizando, treinando e enviando muito mais mão de obra para os campos necessitados – pr Aécio

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