A igreja versão 2.0 é guiada por modelos empresariais, construídos sobre fundamentos psicológicos e sociológicos, em vez de ser guiada por um modelo bíblico a partir de Cristo como o Bom Pastor.
Não somente Deus e o cristão, mas a igreja também tem passado por um upgrade em sua natureza, mas, à semelhança dos efeitos do upgrade de um famoso sistema operacional para seus usuários, os resultados deste upgrade eclesiástico têm trazido enormes prejuízos ao reino de Deus, pois a igreja que temos hoje se distancia em larga escala de seus objetivos bíblicos.
Neste upgrade temos igrejas se organizando com requintes de uma empresa a tal ponto de chegar a propor honorários pastorais a partir de um índice de produtividade, como se lidar com vidas pode ser quantificado e mensurado. A comunhão é substituída pela produção, a igreja como corpo vivo de Cristo se transforma em mailing list, o mundo perdido em clientela ou mercado, a conversão em adesão, as bênçãos em produtos simbólicos ou bens religiosos, a fidelidade a Deus em satisfação ou bem estar pessoal, os pastores em empreendedores, a celebração e o culto em show e performance.
A igreja versão 2.0 enfoca sistemas de organização em vez de enfocar a comunidade, uma filosofia fabril com performance na produtividade no lugar de investimento em vidas e no processo de crescimento pessoal. Focaliza o disponível no caixa e as obras materiais que podem ser realizadas, em vez de investir em vidas, em vocações.
Pessoas são trocadas por programas, relacionamentos por tarefas que precisam ser cumpridas, o encorajamento e o provisionamento de vidas é substituído pela produtividade para que os propósitos sejam alcançados custe o que custar. Os relatórios são repletos de números, estatísticas, atividades, em vez de mostrar como estão sendo nutridas as vidas. As vidas como modelo e promotoras da própria publicidade do evangelho e da igreja são substituídas pela promoção e marketing voltados à produção de demandas e necessidades. A amizade e convivência, que deveriam gerar avenidas de comunicação, são trocadas por índices de produtividade.
Assim o gerente-pastor tem de tratar as pessoas como objetos, como mão de obra, meios para atingir fins, ficar preocupado com o funcionamento de estruturas e sistemas em vez de cuidar de vidas e buscar o encorajamento do rebanho. O pastoreio, que originalmente é um ministério orientado para vidas, tem agora de ser orientado para o management. O pastor, que deve conhecer as pessoas pelo nome, buscando o seu crescimento, deve tratá-las como bens de produção focalizando programas que precisam ser cumpridos.
A igreja versão 2.0 é guiada por modelos empresariais, construídos sobre fundamentos psicológicos e sociológicos, em vez de ser guiada por um modelo bíblico a partir de Cristo como o Bom Pastor. A igreja foi transformada em atividade e isso se tornou um fim em si mesmo.
Não pense que estou desejando eliminar o senso de organização ou mesmo de realização para a igreja. Afinal a igreja é organismo e todo organismo deve ser organizado, mas a organização não é um fim em si mesma.
Texto de Lourençao Stélio Rega (teólogo, educador e escritor)
Extraído da Revista Eclésia - Edição 136 (COM DEVIDA AUTORIZAÇÃO)
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Agradecemos à revista Eclésia pela generosidade em autorizar a reprodução do presente texto. (pr Aécio)
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