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quinta-feira, 29 de julho de 2010

QUANDO O PODER CORROMPE


Por Esly Regina de Carvalho
no Instituto Jetro

Escutei certa vez que se quisermos saber como é o caráter de uma pessoa, dê-lhe poder. Fiquei intrigada com o pensamento. Normalmente pensaríamos que dinheiro ou sexo seriam mais capazes de deturpar a integridade do caráter pessoal. Mas refletindo bem, achei que o comentário procede.

Com o poder as pessoas acham que podem conseguir as outras coisas, entre elas dinheiro, sexo, e fama. Pouco a pouco, se descuidam vai corrompendo seus valores em função de se manter no poder: a fonte das outras coisas às quais vai se acostumando rápido demais.

Poder significa a capacidade de controlar o meio-ambiente ou as ações de outras pessoas. Em si, não é necessariamente bom nem mau, o que determina este juízo de valor é a maneira em que é empregado e para quais finalidades.

Por que o poder tem o poder de corromper?

É sedutor. Ver que se é capaz de fazer as pessoas obedecerem a seus comandos pode ser extremamente agradável, especialmente quando consideramos o nível de egoísmo ao que os seres humanos costuma estar sujeitos.

O poder é uma forma de se mimar a si mesmo: de conseguir os desejos, as vontades e caprichos. Nem sempre estes desejos são retos ou motivados pela integridade. É bem comum que o poder "suba para a cabeça" e mais uma vez, o egoísmo aparece para reger as vontades.

Quem sabe um dos aspectos feios do poder é que vai mudando as pessoas ao ponto que podem ser capazes de ferir e destruir aquilo e aqueles que mais amam. Muitas famílias se desfazem em função da corrida para alcançar ou se manter no poder. Tenho um amigo que costuma citar as palavras: "Vaidade - meu pecado predileto", do filme, Advogado do Diabo com Al Pacino e Keanu Reeves. E é essa vaidade que muitas vezes vai cegando as pessoas a ponto de perderem os valores que as nortearam durante suas vidas.

O poder pode trazer dinheiro e a ilusão de que tudo está a seu alcance. Muitos esportistas que vieram de famílias humildes perdem completamente a noção do que é o dinheiro e poucos anos depois que acaba sua capacidade de praticar seu esporte descobrem que os anos de gastos desenfreados lhe devolveram à pobreza em que começaram a vida. Poucos conseguem entender como é que alguém como Michael Jackson que ganhou o dinheiro com as vendas milionárias das suas músicas, se encontrou aos 50 anos com tamanha dívida que nem as apresentações programadas para os dias pouco antes da sua morte iriam conseguir zerar o monto dos gastos que ele gerou.

Poder também traz a sedução do sexo. Não falta gente para querer "subir na vida" às custas do dinheiro e poder dos outros, inescrupulosamente. De repente, o "poderoso" se dá conta que não só gastou seu dinheiro, mas "gastou" sua família e acaba sozinho, sem a estabilidade familiar da esposa e filhos que a retidão lhe assegurava.

E basta um mal passo para acabar com a fama... e fazer cair na infâmia, como vemos com frequencia entre os nossos políticos e governantes.

Saber lidar bem com o poder não é impossível. Pode-se fazer muita coisa boa quando souber não se vender à tentação do poder, mas é a verdadeira prova de fogo em relação à integridade do caráter.

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