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terça-feira, 26 de junho de 2012

IGREJAS, MOVIMENTOS E MINISTÉRIOS PREDADORES


Não sei se o título explica, ou se é exatamente o que sinto em relação a determinadas igrejas, movimentos e ministérios que a cada instante surgem com procedimentos que sugam, minam, agridem, desrespeitam, confundem e acabam por estragar trabalhos evangélicos sérios, alguns que levaram dezenas de anos para serem plantados, edificados e estruturados.
Sem nenhum constrangimento ou pudor, grupos “predadores” costumam até mesmo alugar salões e outros espaços vagos bem próximos de igrejas há muitos instaladas, travando uma espécie de vale-tudo para atrair os crentes das vizinhas e os não crentes desesperados do entorno.
Quando lancei mão do termo “predadores”, o fiz pensando naqueles que invariavelmente chegam com propostas mirabolantes e irresistíveis, arrombando ou destruindo tudo o que está à sua volta. São aqueles que usam e abusam das temáticas “milagres”, “prosperidade”, “poder de Deus”, “libertação”, “cura”, “restituição”, “restauração”, “conquista” e outras não menos atraentes – temas que chamam a atenção principalmente de curiosos, mas são iscas quase sempre infalíveis para grupos de pessoas (cristãos ou não) que estão:

- Fragilizadas social, psicológica, emocional ou espiritualmente;
- Buscando uma religião ou crença (não importa qual);
- Descontentes com suas igrejas ou denominações;
- Procurando desesperadamente uma tábua de salvação, não importando o que ou qual seja;
- Atrás de novas ou “diferentes” experiências relativas ao universo da fé.

Não é muito difícil a gente identificar igrejas, movimentos e ministérios predadores.
Apesar de confundirem os indoutos ou menos avisados, pois à primeira vista boa parte deles é muito similar aos demais segmentos evangélicos, algumas marcas são peculiares e facilmente identificáveis. Veja algumas:

QUANTO AS LIDERANÇAS:

No geral, são liderados por homens ou mulheres extremamente carismáticos e com grande habilidade na oratória, através da qual fazem questão se auto promoverem, demonstrando certa aura messiânica. Estes também gostam de manipular as massas usando desde as técnicas de sugestão e dos velhos e batidos chavões, e até a ênfase exagerada no “sobrenatural”. Esta química infernal resulta num marketing intenso e apelativo que ilude, hipnotiza e atrai.
Em suas performances, estes líderes costumam agir como santos, amorosos, atenciosos e humildes diante de suas plateias. No entanto, fora do alcance dos olhos do público eles podem ser verdadeiros demônios, caudilhos autoritários, egoístas excêntricos, esbanjadores cheios de caprichos e luxos que se materializam em carros importados, mansões caríssimas, jatinhos particulares, helicópteros e outros mimos dignos de milionários excêntricos.
Como se não bastasse a ostentação no estilo de vida, os líderes deste meio também amam títulos de “apóstolos”, “bispos”, “patriarcas”, “pais”, etc. – se continuar assim, em breve teremos semideuses, arcanjos e querubins em carne e osso!

QUANTO AS PROPOSTAS:

Geralmente suas propostas e ofertas são extremamente ousadas e radicais, levando as pessoas a crerem cegamente que poderão mudar rapidamente da miséria absoluta à vida regalada. Além disto, prometem milagres instantâneos dos mais espetaculares do tipo “cura do câncer”, “cura da Aids”, “quebra do ciclo de maldições que acompanha a família”, etc.  A impressão que querem causar é a de que eles são mais poderosos, ou que possuem franquias exclusivas do poder de Deus!
Exageros à parte, basta ir até um local onde eles se apresentam, ou assistir um de seus  programas nos canais abertos de TV, para ver o quanto os pregadores desta ala usam e abusam à exaustão das imagens em que seus seguidores afirmam ter recebido uma cura, um milagre, uma benção qualquer.
Mas, é preciso observar que a exposição exaustiva de um caso provoca a impressão (ou a ilusão) de que aquilo é uma constante, que acontece a todos que frequentam suas reuniões, mas não é bem assim.
Quero registrar um caso recente como exemplo de um ex-obreiro da igreja que pastoreio, o qual migrou para a mais nova sensação de curas e milagres no Brasil– a IMPD –, encantado com o curandeirismo e com as falsas promessas. Após abandonar os remédios dos quais dependia, trocando-os por “óleo e água ungidos”, morreu pouco tempo depois. Um absurdo que custou a própria vida! Isto eles não publicam na TV, não é?!
O que dizer do sincretismo encontrado nas campanhas, correntes, reuniões e cultos na IGD, na IURD, na CCB, na IPDA, nos movimentos mais recentes batizados de “emergentes” e outros tantos que vão “dando cria” por aí?

QUANTO AOS ENSINOS OU DOUTRINAS:

No meu caso, penso que a maneira mais fácil de identificarmos um seguimento predatório é prestando bem atenção em seus ensinos, pregações e até nas músicas, hinos, etc. Depois, é só compará-los com as Escrituras, pois como em quaisquer seitas, eles ensinam, pregam e cantam até as coisas mais absurdas com ares de revelações divinas, mas que não resistem à mais simples análise exegética ou hermenêutica.
Mas é preciso ressaltar aqui que a gente esbarra num problema sério que contribui para o crescimento destes “monstros” religiosos: De um lado os descrentes ou adeptos de outras religiões ignoram as verdades contidas nos Evangelhos, e de outro os crentes leem pouco ou quase nada da Bíblia!
Outro aspecto importante: Boa parte das igrejas evangélicas ou cristãs já abriu mão da Escola Bíblica Dominical, do discipulado e de outras formas clássicas de ensino, as quais levavam os crentes ao aprofundamento bíblico.
Na tentativa de suprir a carência (ou ausência) de ensino, aquelas igrejas aderiram a movimentos com propostas rasas, que não suprem adequadamente a necessidade do ensino sistemático e permanente da Bíblia.
Lembro-me com pesar de quando surgiu um dos mais perturbadores movimentos em terras tupiniquins. Aquele que no Brasil ficou conhecido como “G-12”, e que espalhou heresias ridículas como a tal da “regressão espiritual” e aquela coisa horrorosa conhecida até hoje como “quebra de maldição”, dentre outras não menos malignas, etc.
Foi um alvoroço de pessoas correndo para seus encontros e pós-encontros que, por fim, as deixaram desencontradas até hoje! Este movimento predatório perdeu força, mas como todos os demais, onde passou também deixou um lastro de destruições, divisões, confusões, e rebeliões.

Acordei com isto na cabeça, não se continuo o assunto depois... Pode ser que sim!

Um abraço!

- pr Aécio -

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