Aqui no Brasil, entre ventos, eventos e atrações, a ala dos predadores vai variando nos métodos e técnicas com o intuito de fidelizar o que podemos chamar de clientela. Isto mesmo, o clientelismo está acima de qualquer outro interesse, inclusive sobre o discipulado e o interesse pelo crescimento espiritual sadio, afinal o que importa é casa cheia... E cofres também! Não importa se é santo ou profano; se é sério ou leviano; se é convertido, invertido ou só divertido!
O pieguismo fingido no trato
com os adeptos e simpatizantes destes “devoradores de almas” está na cara (geralmente
obreiros e líderes destes segmentos recebem treinamentos que deixariam qualquer
franqueado do McDonald’s de queixo caído!).
Pode parecer exagero, mas é
preciso saber que o que está por trás da “fala mansa” nas pregações melosas e
apelativas, das performances bem elaboradas na apresentação de seus cultos (que
muitas vezes se assemelham a shows) e dos jogos de cena recheados de
dramatizações emotivas que de espontâneos não têm nada: Tudo é estudado,
calculado e combinado como em qualquer empresa que depende de números e, como
já afirmei, de numerário.
O discurso afinado com o
pensamento secular e humanista correntes faz das igrejas, movimentos e
ministérios predadores ótimos atrativos para aqueles que até querem encontrar
respostas imediatas para seus dilemas, ou cura para suas doenças.
Sim, não duvido que dentre
estes possa até existir um e outro que queira, ou que aceite até mudar de
religião. Acho que, no geral, a maioria não quer mesmo é mudar de vida, ou de
conduta! Em outras palavras: Não quer conversão, nem compromisso com a fé evangélica!
Pode parecer duro o que você
leu acima, mas é a mais pura verdade.
Não pense que a maioria das
pessoas que entra nas igrejas evangélicas o fazem por que está cansada de pecar,
ou porque teme ser condenada por toda a eternidade. Não pense ainda que foi subitamente
tomada de uma paixão descontrolada por Jesus.
Posso ser crucificado por essa
afirmação, mas tenho a impressão de que a maioria quer mesmo é o conforto da
vida regalada, quer as bênçãos e todas as demais propostas mirabolantes que as
fabriquetas de milagres estão oferecendo por aí! Neste bojo estão aqueles que
continuarão se embriagando, fumando, usando drogas, mentindo, adulterando,
fornicando, subornando, enfim, praticando todo tipo de pecado sem nenhum
constrangimento. Estes permanecerão frequentando cultos, eventos ou encontros onde
se sentirem mais confortáveis, como se fossem irmãos em Cristo, quando na
verdade ainda permanecem na qualidade de filhos do diabo. A esta altura é
preciso lembrar que se houve alguma contribuição por parte dos predadores foi a
de torna-los duas vezes mais candidatos ao inferno!
COMBATENDO IGREJAS, MOVIMENTOS E MINISTÉRIOS PREDADORES
Durante algum tempo minha
preocupação era combater as seitas e heresias clássicas, aquelas que são
bastante e facilmente conhecidas em razão dos seus ensinos e práticas esdrúxulos
ou antibíblicos estarem muitas vezes à vista. Mas, erroneamente meus esforços
eram concentrados no que acontecia apenas do lado de fora das nossas igrejas –
ato falho repetido por quase todos os pastores.
Com o tempo percebi que tão ou
mais perigosos são os falsos ensinos, doutrinas, práticas e comportamentos que
de repente vão surgindo sorrateiramente, bem debaixo dos nossos narizes, entre
nós! Estes sim são perigosos porque vão “comendo por dentro”, absorvendo tudo o
que está em volta, destruindo, causando polêmicas, semeando dúvidas, provocando
subversões, escandalizando e espalhando confusão.
Como um câncer, tais
comportamentos erráticos vão crescendo silenciosamente, até chegarem numa
“metástase” violentamente incontrolável, fase em que indivíduos ou grupos
inteiros já foram comprometidos, e quando não há o que fazer a não ser se
livrar deles – como em algumas experiências pessoais, tenho visto muitos
pastores às voltas com eventos assim.
A propósito, já que comparei
os predadores com o câncer, o mais indicado é o tratamento preventivo, de
preferência. A maneira mais eficaz de evitar que uma igreja seja vitimada é a
prevenção! Para isto servem as Escolas Bíblicas, os Cultos de Ensino e o mais
importante: O discipulado. Por um lado, os pastores precisam implementar e
enfatizar estas frentes em suas congregações. Os crentes, por sua vez, precisam
urgentemente se interessar mais pelo aprendizado.
Quando não for possível
alcançar o mal na origem, seja em que estágio for, o tratamento deve ser,
então, radical e intenso. Não tem como a gente “pegar leve” nestes casos!
A pregação expositiva mais do que
nunca é fundamental e indispensável. No meu caso, jamais poupei esforços ou
palavras todas as vezes que me referi às mentiras e melindres dos “alquimistas
da fé”. Algumas vezes ouvi “pastor o
senhor não pode falar assim desta igreja, deste movimento, deste ministério ou
deste pregador”, mas preferi dar atenção à minha consciência, às minhas
convicções ao invés de considerar ou ceder aos conformados – é uma
questão de escolher a quem queremos ouvir e servir, se Palavra de Deus ou se as
vozes de quem já foi inoculado pelo veneno dos predadores.
Várias vezes preferi perder
membros da congregação, encarando algumas destas perdas como uma “cirurgia” de
Deus tirando do meio aqueles que, em algum momento, deixaram de ser bênçãos
para o restante do corpo, e passaram a ser ameaças – pastores e líderes locais
não podem ter medo de perder membros de seus grupos, principalmente oferecem
perigo aos demais. É preferível abrir mão de dois, dez ou vinte do que correr o
risco de perder uma igreja ou uma comunidade inteira!
Um abraço!
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