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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ELEIÇÕES: POSLÚDIO



Acabou a agitação da época das eleições... Já não era sem tempo!
Até que chegue a próxima, fica o rescaldo e os pequenos focos fumegando – política é fogo mesmo. Aliás, nesta matéria conclui que a igreja brasileira está mais política que evangélica. Sério! Acho que se a gente não abrir os olhos, daqui a pouco teremos algumas fachadas com as seguintes inscrições nas placas: “Partido Universal do Reino de Deus”, ou “Partido das Assembléias de Deus”, ou ainda “Partido do Movimento das Igreja Pentecostais e Independentes”- e por aí afora.

Parece piada, mas não é. Ontem à noite (03/10/2010), zapeando à procura de alguma coisa interessante, parei na TV Senado e assisti um pouco do primeiro dia de trabalho da casa – nada interessante por sinal. Mesmo indiferente, estanquei o controle na fala de certa senadora do PT, que oscilou entre o combate do preconceito aos nordestinos ressuscitado e deflagrado via Twitter, e a vitória da candidata de seu partido. Neste ínterim, outro senador (evangélico) pediu um aparte, e falou mal dos evangélicos que falaram mal da Dilma... Crente falando mal de crente no Senado Federal pra todo mundo ver. Que lindo! Que nome a gente dá pra isso? “Desavença evangélica federal”?! Sei lá...

Tenho batido forte neste incômodo dilema da igreja brasileira, que já é divididíssima em várias questões. Pois bem, nas eleições se dividiu mais?...
Então, o que parecia impossível aconteceu: aumentou o abismo que divide a igreja evangélica brasileira! Sim, não bastassem as posições teológicas, as diferenças doutrinárias e as “frescuras” dos costumes, agora temos que dormir com este barulho: Temos nossas diferenças nas ideologias políticas e partidárias! Que horror!
Teve até pastores que quase chegaram às vias de fato... Isso mesmo, entre ameaças de bofetada e troca de ofensas, pudemos assistir cenas deploráveis, protagonizadas por homens que têm a reponsabilidade de ser “exemplo dos fiéis” (I Tm 4.12) – e que exemplo, hein?!

Os púlpitos, outrora reverenciados (às vezes até sacralizados), se tornaram mais um espaço útil pra se fazer campanha. Nas falas impregnadas de falsa moralidade, alguns pastores exageravam na rasgação de seda. Frases ensopadas de demagogia e falso pieguismo induziam os fiéis com chavões enviesados: “Vamos orar pelo nosso ilustríssimo candidato”... “nossa denominação apóia (leia-se vota) o candidato tal” – preste atenção nos grifos... Sentiu a hipocrisia?! Mas, infeliz mesmo foi a frase de um tal apóstolo: “Se você confia em mim, vote no fulano” – manipulação mais radical do que essa impossível.

Pra mim, estas eleições deixaram algumas marcas indeléveis. Uma delas foi a do Tiririca – que palhaçada. Outra marca interessante foi a “violenta” guerra de bola de papel e saco com água, deflagrada no segundo turno da disputa presidencial. A marca deixada pelas esquecidas e decadentes ex-celebridades no pleito, mostrou que vale tudo pra ressuscitar a fama, tudo mesmo.
Contudo, as marcas deixadas pelas igrejas arrendadas aos partidos políticos, bem como as dos escandalosos pastores posando em santinhos e expondo-se como puxadores de votos sem nenhum pudor nas nos horários de propaganda obrigatória, estas sim, são dignas de nota, pois deixaram nódoas que dificilmente se apagaram da minha mente, e da de muitos outros que ainda acreditam que a vocação da Igreja não é política, mas evangélica. – pr Aécio

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