Publicado no Instituto Jetro em 01.11.2010
"E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram." Mateus 14:26
Eu, particularmente, acho muito interessante a postura dos discípulos nesta passagem das escrituras, devido a toda situação aterrorizante em que estavam e que o levaram a pensar que Jesus fosse um fantasma.
Sabemos que o fantasma desta história era Jesus que vinha ao encontro de seus discípulos, mas naquele momento as coisas estavam tão confusas por causa do medo que a primeira coisa que pensaram foi em fantasma "de verdade".
Lembro-me da primeira vez que assisti um filme de terror. Eu tinha uns 9 anos e era terrivelmente medroso. Nossa televisão era muito antiga, de válvula e ela fazia uns barulhos estranhos depois de desligada. Depois do filme a televisão começou a estalar como normalmente fazia, mas para mim ela não apenas estalava, mas estourava em barulhos terríveis. Com certeza aquela foi uma das noites mais longas da minha vida.
O medo gera em nós pensamentos e sentimentos confusos, quase que infantis, coloca-nos em situações constrangedoras que somente quando o medo passa é que vamos ver o quão ridículos que fomos.
Tenho medo de altura e somente a minha esposa sabe os vexames que já fiz ela passar por causa disto, graças a Deus ela é uma pessoa muito discreta.
Quando penso em Pedro e no vexame que passou, primeiro por achar que Jesus era um fantasma e depois por causa do medo de se afogar, vem a minha memória a quantidade de vezes que eu também agi assim, de forma infantil diante de Jesus.
O medo nos paralisa a tal ponto que um homem da pesca como Pedro, que sabia nadar, esquece-se disto na hora em que mais precisa.
Sentimentos de incerteza muitas vezes povoam nossos corações e nos fazem ver fantasmas no meio do caminho.
Alguém já disse que Pedro teria afundado porque não permaneceu olhando para Jesus, porque ele voltou seus olhos para as ondas e a força do vento; mas eu penso que na hora das incertezas e do medo, podemos até focar nossos olhos no Mestre, mas há tanto medo e desespero em nossa alma, que vemos fantasmas onde não existem e por isto afundamos.
Pedro estava tão amedrontado que não conseguia suportar a angústia de esperar até Jesus chegar no barco para ter certeza da situação. Ele quis ir ao encontro do Mestre por causa de sua ansiedade, melhor era ir ter com o Mestre pois assim saberia de pronto se era realmente Jesus ou não, e acabaria assim com aquele filme de terror. (Mateus 14:28)
É interessante como muitas pessoas que procuram aconselhamento chegam exatamente neste estado, vendo fantasmas onde não existem. Elas trazem figuras gigantescas em seus corações e muralhas intransponíveis pois o medo e as incertezas estão dominando seus sentimentos.
Para estas pessoas as alturas das ondas e a fúria do mar parecem ser aterrorizantes e por isto acham que o casamento desmoronou mesmo, a família está destruída totalmente, a sua vida espiritual não tem mais restauração, seu ministério naquela igreja não tem mais solução.
Fantasmas!
Quase que na maioria destes casos, no dia seguinte os fantasmas já desapareceram e as coisas parecem bem menores e mais fáceis de se resolver, reafirmando a palavra do Salmo 30:5b, "Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã".
Sei muito bem que não acredito em fantasma, minha fé me ensinou isto, mas porque meu coração não aprende que; "fantasmas não existem".
Quantos fantasmas povoam nossos corações e nos tiram a visão clara de nossa fé em Jesus? Sabemos que Nele toda tempestade está sob controle, mas temos medo. Sabemos que as ondas não nos submergirão, mas temos receios.
Sinceramente, não quero aprender a andar sobre as águas, o que mais quero é aprender a esperar confiante e aquietado pelo Mestre em meu pequeno barquinho.
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