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quinta-feira, 18 de março de 2010

OSSOS DO OFÍCIO - I

O ministério pastoral é algo incrivelmente desafiador. Há um dualismo nesta experiência que só consegue entender e descrever quem viveu ou quem vive a saga daquele que foi chamado para este ofício.
Há muitas especulações e polêmicas sobre o pastorado. As especulações são resultantes da ignorância típica de quem não se imagina na pele daqueles que muitas vezes levam as cargas de muitas pessoas, enquanto não têm quem ajude a carregar suas próprias cargas. As polêmicas relativas ao ministério pastoral são próprias dos impiedosos e cruéis, e se fundamentam quase sempre sobre falhas de caráter ou pecados – por vezes podem ser meras leviandades. Tanto as especulações, quanto as polêmicas em torno do santo ofício podem surgir de fora pra dentro, ou de dentro pra fora da igreja – lamentavelmente existem muitos crentes que gostam de mandar “fogo amigo” pra cima de seus próprios pastores.
Ser pastor é um caso de amor e ódio. É mesmo! Num momento somos aclamados, amados e reverenciados. Noutro, somos execrados e hostilizados.

Pastores nunca serão figuras de consenso – eu, por exemplo, há muito me conformei com a idéia de que jamais agradarei a todos e nem me esforço para tal. O juízo que se faz sobre os comportamentos destes homens é mais ou menos assim:


• Quando são sérios, correm o risco de serem taxados de grosseiros, mas se forem muito alegres e extrovertidos, podem ser inconvenientes;
• Pastores ricos despertam a desconfiança e o estigma aproveitadores, mas se forem pobres são miseráveis;
• Quando investem na aparência e gostam da moda são vaidosos, quando não, são relaxados;
• Se a pregação é profunda, é exibicionista, mas quando prega o trivial é simplista;
• Pastores que exortam são exigentes, se mais tolerantes são covardes.

Estas e muitas outras considerações sobre a falta de consenso a que os pastores estão sujeitos, fazem daquilo que já é difícil se transformar às vezes numa missão quase impossível!
Apesar de saber lidar muito bem com essa sensação (horrível!), minha opinião é a de que ser pastor é estar em uma enorme, desconfortável e frágil vitrine. Nela somos julgados e avaliados por olhares que mais buscam motivos para a censura do que inspiração em nossos modelos de vida.

Inúmeros pastores se sentem solitários. Pouca gente consegue se aproximar do pastor e enxergar além do pastor, do sacerdote. Poucos têm a capacidade de ver que pastores precisam de amigos, de pessoas que não queiram só suas orações e conselhos – mas sim de suas companhias e amizades. As pessoas precisam tratar os pastores como seres de carne e osso, não como se fossem anjos.
Muitos pastores terminam suas pregações e as pessoas dizem “boa palavra, pastor”, “fui muito edificado, pastor”, etc. Mas eles ficariam muito mais felizes se perguntassem como anda a saúde deles, como está a sua família ou se ainda lhes prometessem uma visita pra tomar o chá da tarde e jogar conversa fora! – pr Aécio

*SÓ PARA PASTORES: SE QUISEREM COMPARTILHAR SUAS EXPERIÊNCIAS PESSOAIS, ESCREVAM-ME SERÁ MANTIDO ABSOLUTO SIGILO, SE ASSIM O QUISER. ELAS ME AJUDARÃO A COMPOR A SÉRIE DESTAS POSTAGENS E PODERÃO SE TRANSFORMAR EM UMA FORMA DE INTERAÇÃO. ESCREVA PARA am3q@uol.com.br CITANDO O TÍTULO DA MENSAGEM NO "ASSUNTO". - (pastor Aécio)

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