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terça-feira, 23 de março de 2010

OSSOS DO OFÍCIO - III

Na lida do ministério pastoral temos que acostumar com todo tipo de gente. Pessoas bem intencionadas, outras nem tanto. Por mais incrível que possa parecer tem quem gosta de se aproximar dos pastores com as intenções mais absurdas. Desde o clássico puxa-saco, ao interesseiro em tirar proveito para se promover em algum cargo ou função ministerial, encontramos de tudo.

Nos anos em que sirvo ao Senhor – mais da metade da minha vida – confesso que de todas as pessoas que conheci, muitas das mais perversas, falsas e traiçoeiras conheci por conviver com elas no mesmo ambiente (da igreja). Aprendi a ter medo (leia-se excesso de cautela) das pessoas de tanto ouvir juras de amizade, lealdade e companheirismo que não passavam de meras retóricas demagógicas. Aliás, nem o diabo oferece tanto perigos aos pastores como as pessoas mal intencionadas, mal resolvidas! Esta frase é muito forte? Perto do que elas são capazes de fazer nem um pouco!

Dentre estes estão alguns que vi nascer para a fé, crescer e se tornarem obreiros. Hoje não tenho nem prazer em cumprimentá-los de tanto mal que causaram a mim e ao povo que deixaram para trás sem ao menos um “tchau”! É por estas e outras que digo que, enquanto muita gente conta ovelhas para o sono chegar, a gente (os pastores) torce para que não apareça nenhuma ovelha na hora da gente deitar!

Entendo com muito mais profundidade quando a Bíblia nos exorta como pastores, a não colocarmos nossas expectativas de recompensas aqui, mas aguardar o prêmio de reconhecimento somente na eternidade. Tapinha nas costas, elogios por algum feito, festa do dia do pastor, presentes de aniversário e outras formas de nos agradar são até boas (não sou muito fã de festas), entretanto, nenhum pastor deve trabalhar motivado por isto, nem definir seus relacionamentos à partir disto, pois muitas das pessoas que estarão nestes eventos puxarão o tapete ou acusarão seus pastores na primeira oportunidade, quando forem confrontadas por causa de seus pecados, ou questionados por suas posturas dúbias. Essa é, inclusive, uma das coisas que mais me incomoda na igreja de hoje. É a falta de respeito e obediência a que os crentes deveriam prestar àqueles que trabalham para garantir seu bem estar espiritual – isto é uma epidemia.

Estudo de caso real: Há pouco mais de um ano, por exemplo, alguns membros do grupo de louvor da igreja que pastoreio foram corrigidos em razão de condutas duvidosas, os quais se transformaram numa espécie de rebeldes sem causa. Os leitores não podem imaginar a dor de cabeça, a celeuma, o tsunami que isto causou. O que parecia um rebanho de ovelhas se transformou numa manada de búfalos arrebentando o que vinha pela frente... Sobrou para a liderança, para os pastores, para a igreja e para todos quantos não concordassem com suas posições obtusas e rebeldes. Quando falei em disciplina para confrontar o caráter de uma das moças membro do grupo em questão, então, ela quase repetiu a história de Hiroshima e Nagazaki (desculpem a ironia!). Por fim, até hoje estamos (a igreja) esperando um “muito obrigado”, um “tcahuzinho”, um “a gente se vê”, mas parece que o orgulho, a insensatez ou a “burrice espiritual” como prefiro chamar algumas grosserias evangélicas, os impedem. Como se não bastasse, as tais pessoas não cansam de pixar e falar mal de onde saíram (para justificar suas saídas insensatas, é claro), fazem o possível para arrancar seus familiares e amigos mais chegados, como se fosse uma espécie de revide. Lamentável, mas estas coisas também são ossos (duros de roer) do ofício pastoral. - pr Aécio

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