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quarta-feira, 5 de maio de 2010

MISSÕES EM FOCO… SERÁ?!


O título da postagem propositadamente imitando a chamada de um destes quase inúteis programas evangélicos de televisão, é para chamar a atenção sobre algumas realidades no que diz respeito a missões que os leigos desconhecem.
Quando um televangelista, avivalista ou conferencista destes que a gente está acostumado (ou será enjoado) a ver inunda as igrejas com informações do campo missionário em revistas e jornais de seus ministérios, chamadas de televisão ou vídeos em seus sites, blog ou Youtube, é preciso desconfiar e buscar informações com quem realmente entende do assunto – para não correr o risco em cair em mais um “conto do pastor”.
Grande parte das vezes os ajuntamentos que se promovem para “pregar o Evangelho” em certos países da África ou Ásia, por exemplo, mais ajuda do que atrapalha. Recomendo um livro de alguém que serviu no campo e pode falar com mais propriedade sobre o assunto. Trata-se de “TROPEÇOS NA AÇÃO MISSIONÁRIA – TOLICE HUMANA OU CILADA DE SATANÁS?” (1), onde o autor conta, dentre outras coisas, as peripécias e desastres causados por este pessoal que vai a um país miserável, culturalmente dominado por crenças milenares e cheio das mazelas próprias de um lugar onde se desconhece Jesus, aprontam com aqueles shows que a gente conhece muito bem, fazem um montão de fotos e filmes, e depois saem pelo mundo dizendo que ganharam milhões de vidas para Jesus... Será?!

Há várias juntas missionárias, agências e órgãos especializados em estatísticas, pesquisas e informações fidedignas(2), frutos de trabalho árduo e sério que podem dar um panorama fiel do que realmente acontece mundo afora.
Pode parecer incredulidade ou mera “pegação”de pé, mas o fato é que não existe nenhum trabalho de continuidade, que justifique a grande maioria dos chamados impactos evangelísticos – o que os tornam altamente desnecessários e insignificantes, diante dos trabalhos locais em andamento, cujos pequenos, porém, sólidos avanços conquistados por missionários transculturais ou obreiros locais têm muito mais sentido.
Na prática, que realmente dá resultado no trabalho missionário – e que acontece na imensa maioria das vezes a longo prazo – é a conquista paulatina, lenta e gradual que se inicia com um longo tempo de preparo e treinamento dos candidatos ao campo (futuros missionários). Que vem após anos da chegada de missionários, depois se estarem aculturados (domínio da língua, contextualização, etc.), de terem estabelecido trabalhos junto às comunidades, de iniciarem um processo de discipulado terem adquirido respeito e confianças dos nativos.
Quem entende o mínimo de missões sabe que o que vale no campo é o trabalho de formiguinha. É no mínimo inconseqüente pensar que em uma semana, ou duas, que seja, será implantada uma igreja ou trabalho qualquer. Afirmar que foi até o país A ou B e milhares de pessoas aceitaram a Jesus como salvador, ou que se converteram é algo extremamente malicioso e sem noção.

Em uma conferência missionária, estive conversando com um obreiro que atuava na Índia e o indaguei propositadamente sobre estes movimentos que acontecem por lá “de vez em sempre”. Ele me respondeu dando o exemplo de um indiano que participou de uma cruzada evangelística havia pouco tempo e, ao ser questionado se havia recebido a Cristo, disse sem pestanejar que sim. “Se Ele [Jesus] faz bem, posso colocá-lo em meu altar, junto com meus outros deuses!” – completou o homem – Precisa dizer mais alguma coisa?! - pr Aécio

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(1) Livro Tropeços na Ação Missionária - Tolice Humana ou Cilada de Satanás?
Autor Jarbas Ferreira da Silva - EDITORA VIDA NOVA

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