Translate

terça-feira, 4 de maio de 2010

VALE A PENA LER DE NOVO - "POLÍTICOS NOS PÚLPITOS: A INSUPORTÁVEL INVASÃO"


Não é de hoje que a igreja brasileira vem se “prostituindo” com a política.

Como uma prostituta de beira de estrada (desculpe a grosseria) muitas denominações se entregam a partidos políticos em troca de dinheiro para reformar seus templos, financiar congressos, conferências ou outro evento qualquer. Isto é uma relação tão promíscua e absurda que certos pastores não têm nenhum pudor em entregar seus púlpitos (e seu rebanho) a homens e mulheres muitas vezes ímpios – alguns até ateus – interessados em favores e regalias que contemplem suas denominações (que é o que lhes basta!).

Na época que antecede as eleições por aqui começa a “farra do boi”. A casa de Deus em muitos lugares vira a casa da mãe Joana! Centenas de púlpitos se transformam em palanque e tribunas eleitoreiras, onde a demagogia partidária toma o lugar e a honra que deveriam ser dadas somente ao Senhor Jesus.

Sempre achei o fim da picada, políticos invadirem os cultos e demais eventos evangélicos com aquelas máscaras de falsa simpatia e falsa generosidade, quando em seus corações o que eles vêem nem são pessoas, enxergam apenas mais eleitores, mais votos. Com uma mão, eles pedem a benção de Deus e com outra, recebem a ajuda do capeta!

Mais horroroso ainda é a atitude patética dos pastores que lhes entregam os microfones em pleno culto, permitindo que tais homens ou mulheres cheios de segundas intenções ensaiem rápidos discursos em tom religioso, citem certos chavões bíblicos ou imitem os crentes com cumprimentos no bom, batido e besta evangeliquês do tipo “a paz do senhor irmãos” – haja paciência para aguentar tanta teatralidade, tanta estupidez.

Outra coisa que acho o fim do fim da picada são os pastores que dividem o tempo entre o ministério pastoral e cargos políticos. Isto sim é um dos maiores disparates. Não adianta quererem dar exemplos de estadistas bíblicos, ou de Calvino, Martin Luther King, etc., porque isto não cola pra mim! Na minha humilde opinião se o sujeito quer ser político, que dê adeus ao púlpito! Quer púlpito, dê adeus à política!... O quê, deputado e pastor? Senador e bispo? Vereador e apóstolo? Uma vírgula... Coração dividido, isto sim! Isto não rola e nem cola! Pra mim não! Jesus disse que não se pode servir a dois senhores e ponto final!

Entendo que é preciso que homens e mulheres tementes a Deus estejam em posições estratégicas, mas entendo também que há muitos líderes evangélicos que se corrompem e causam escândalos de proporções gigantescas, que mais atrasam do que adiantam para a causa do Evangelho. Atualmente há pastores, missionários, apóstolos, evangelistas, etc., que são analfabetos políticos, não entendem quase nada dos cargos que ocupam e que são colocados lá pelos membros de suas denominações, para obterem vantagens e favores para si mesmos e, quando muito, legislando em prol de suas igrejas ou criando projetos para batizar ruas com nomes de antepassados crentes ou praças da Bíblia – desculpe a ironia de novo. No geral vários políticos crentes são ilustres desconhecidos para as comunidades às quais deveriam servir. São celebridades anônimas para as pessoas de seus bairros e cidades, conhecidos tão somente nos quintais de suas igrejas.

Homens e mulheres honestos sabem que não conseguem conciliar estes dois jugos (dividir tempo entre púlpito e cargo político). Mas, justiça seja feita, atualmente há meia dúzia no Brasil que sabem, entendem e se afastam das suas funções do ministério cristão para se dedicarem ao ofício e exercício políticos – entenda meia dúzia como uma simples ironia pelo fato de que muitos líderes evangélicos atualmente no cenário político não cheiram nem fedem.

Quero terminar contando uma situação em que fui convidado a falar numa igreja onde havia um pastor candidato a vereador. Antes de ministrar fui questionado sobre o que achava do envolvimento da Igreja com a política, respondi o que já escrevi em uma matéria anterior: "Água e óleo, irmão, não se misturam!"
Não satisfeito com minha resposta perguntou se eu votaria nele, caso morasse naquela cidade. Respondi um grande “NÃO”, afirmando que não o conhecia suficientemente, muito menos seus projetos; que não voto em quem não conheço, e que para mim o que interessa é que os políticos sejam bons profissionais da política, não necessariamente crentes*.

Antes de terminar a conversa perguntou se eu oraria por ele no final do culto, ao que concordei com uma ressalva: Que não fosse no púlpito – e assim sucedeu. Minha oração foi bem objetiva, porém, fiz questão de pedir ao Senhor que, se fosse para ele ser só mais um político (porque de político safado o Brasil e o inferno já estão cheios), que não fosse eleito, pois seria muito mais útil na igreja onde servia do que na câmara dos vereadores. Ele perdeu a disputa – pode não ter sido só por causa da minha oração, mas glórias a Deus por não corrermos o risco de termos mais um político crente medíocre na área, sem nenhuma relevância nem para a Igreja, nem para a sociedade e muito menos para a história de sua comunidade. – pr Aécio

------------------------

*Mais uma vez apelo: NÃO VOTEM EM POLÍTICOS SÓ PORQUE SÃO CRENTES! Lamentavelmente há muitos “crentes” sacanas no cenário político brasileiro! Analisem cada candidato; pesquisem seus históricos; seus projetos; julguem seus partidos e, sobretudo, não se deixem levar pela indução de seus pastores e líderes sem os devidos questionamentos e críticas. Lembre-se que o voto é livre e cada um deve votar de acordo com sua consciência. Não vote nem mesmo em seus pastores ou líderes locais, caso eles não tenham projetos com abrangência social e comunitária – denominacionalismo e “igrejismo” só não bastam.

Um comentário:

  1. Os primeiros cristãos não só se distanciavam do governo e de ocupação de cargos políticos deste mundo, mas também seguiam de uma forma muito literal os ensinos de Jesus. As seguintes são algumas passagens dos mesmos escritores na igreja primitiva. http://www.aigrejaprimitiva.com/dicionario/Cargospublicos.html

    ResponderExcluir