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quarta-feira, 28 de abril de 2010

ALGUMAS LEMBRANÇAS E EXPERIÊNCIAS DE UM TUPINIQUIM CEARENCE...

...QUE SÓ QUER SER FELIZ NO NÃO TÃO MARAVILHOSO, MAS MESMO ASSIM ADORÁVEL UNIVERSO EVANGÉLICO! - QUARTO CAPÍTULO
Cheguei à maturidade espiritual com uma lacuna: falta de ter sido pastoreado adequadamente. Tive cinco pastores e não tive nenhum. Acho que essa sensação é parecida com a mesma de quem cresceu sem os pais.
Conheci meus pastores à distância, logo, não os conheci. Cresci na fé sem conhecer suas histórias e nem eles a minha... De vez em quando vejo um ou outro em encontros raros e casuais... São estranhos para mim e eu para eles!
Infelizmente ao me converter fui para uma igreja assim, ali permaneci e congreguei durante cinco anos aproximadamente. Era um lugar onde não se valorizava devidamente os pastores e estes, não cuidavam satisfatoriamente das pessoas.
A propósito, na maioria das vezes eles nem eram chamados, nem reconhecidos oficialmente como pastores. Eram denominados “dirigentes”, algo meio genérico para uma função tão nobre – creio que a falta do reconhecimento de suas funções contribuía para que não fossem tão engajados e motivados para cuidar do rebanho mais de perto. Na verdade, naquela época ser dirigente era tão absurdamente genérico que conheci diáconos-dirigentes; presbíteros-dirigentes; evangelistas-dirigentes – em casos extremos, na ausência de um destes qualquer um poderia se tornar dirigente.
Ato falho e constante naquele tempo (e parece que até hoje acontece): A igreja sede estava sempre carregada de pastores reconhecidos e credenciados pela Convenção deles que morriam de medo (ou seria aversão? ou seria comodismo?) de dirigirem congregações. Ficavam (ou ficam?) como um amontoado de parasitas, empavonados no alto das tribunas esperando a rara oportunidade para dar um testemunho, cantar um hino da Harpa Cristã ou orar pelas ofertas... Que chatice!
Cada um daqueles cinco homens tinha suas próprias virtudes e defeitos, porém, todos eles eram unânimes numa coisa: Não tinham a devida formação, preparo e, conseqüentemente, a capacidade de cuidar das pessoas como elas deveriam ser cuidadas e ainda gerenciar as demais atividades da congregação – um dos maiores absurdos na lida pastoral em determinadas denominações, como a que estou me referindo, são as múltiplas obrigações impostas, alheias às questões próprias da relação pastor-ovelha. Outrossim, lembro-me que todos eles tinham uma vida secular muito intensa, logo, o pouco que se aproveitava destes homens eram migalhas de tempo, paciência e atenção.
Hoje posso dizer que embora o fizesse esporadicamente, tinha vergonha de convidar algum amigo para ouvir os sofríveis sermões “servidos” aos domingos. Tais sermões (nem sei se posso chamar aquilo que ouvia de sermões) eram carregados de jargões repetitivos, de frases de efeito sem nexo; impregnados de estórias sem pé nem cabeça e de interpretações muitas vezes absurdas das passagens bíblicas que escolhiam a esmo*. Era o que eles podiam dar, por isso não os acuso e nem quero expô-los ao ridículo, ainda que possa parecer o contrário. Tratava-se de homens limitados pelas ausências que citei acima (formação, preparo, etc.), que dividiam o tempo com intensas atividades fora da igreja, o que justificaria o péssimo desempenho como ministros – desculpem a franqueza.
Justiça seja feita, até que havia alguns “auxiliares”, “vices”, “cos” e “segundos”. Mas todo mundo sabe que auxiliar-de-fulano, vice-disto, co-daquilo e segundo-de-quem-quer-que-seja nunca resolve e nem manda nada, ainda mais em igreja – ainda mais naquela denominação que possui um dos modelos de liderança mais autoritário, mesquinho e centralizador que conheço. Aí é que reside o perigo neste tipo de liderança pastoral: ao concentarem tanto poder em suas mãos, deixavam escapar pelos vão dos dedos os “poderes” que não podem faltar de jeito nenhum em um homem que se apresentou diante de Deus para apascentar Seu rebanho, quais sejam: o poder de cativar as pessoas; o poder de amá-las de perto; o poder de ouvir e aconselhar; o poder de rir e chorar juntos... O poder de simplesmente pastorear.

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Dentre as recordações daquelas interpretações absurdas, lembro-me de um irmão correndo, ou melhor, galopando pela igreja “dominado pelo Espírito Santo”, enquanto o pastor proclamava aos gritos: “Os cavaleiros do Apocalipse estão aqui!” (?!)...

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