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terça-feira, 6 de abril de 2010

ELES ATÉ PREGAM, MAS NÃO O EVANGELHO

Evangelho é "boas novas". Isto todo mundo sabe. O que realmente não entendo - força de expressão, pois no fundo entendo muito bem - é como os atuais pregadores midiático conseguem transformar (ou transtornar) o Evangelho da verdade em fantasia, inventando tanta mentira usando a pregação de Jesus, a mensagem do Reino.
É nojento assisitir aqueles programas em que "bispos", "apóstolos" e outros donos de igrejas distorcem a Bíblia sem nenhum constrangimento, supondo que Deus está à mercê de suas orações cheias de malícia!
É extremamente ofensivo ao Evangelho ver aquelas multidões de pessoas com peças de roupas, garrafas com água, fotos e os artefatos que eles mesmos inventam e produzem, tentando estupidamente alcançar o favor de Deus com seus sacrifícios de tolos - tolos duas vezes. Tolos por não se darem conta de que nenhum sacrifício humano é capaz de atrair a benção de Deus e tolos por não entenderem que a maior benção de que precisam é a escapar do inferno, convertendo-se e entregando-se a Cristo!
O evangelho que estes homens estão pregando é tão "poderoso" (ironia) que boa parte das pessoas que os seguem nem sequer mudam de vida! Todo mundo sabe que muitos daqueles que seguem certos pregadores atuais vão por causa de suas ofertas mirabolantes de cura, libertação e prosperidade. Estes, por sua vez, são tão ávidos por multidões (mais pelo dinheiro deles, é claro) que não fazem nem cerimônia em chamar hipócritamente católicos e espíritas de "irmãos" em chamadas mais ou menos assim: "Venham para nossa grande concentração de fé, meu irmão católico, meu irmão espírita... Blá, blá, blá... Deus não olha pra religião... Blá, blá, blá.. O que importa é a fé e... Blá, blá, blá..." - Existe algo mais nojento e hipócrita do que isto?! É claro que não! Mil vezes não... Eles fazem isto por que não pregam o Evangelho!
Caso pregassem o Evangelho, eles diriam: "Venham ouvir a mensagem do Evangelho que liberta da mariolatria e dos demônios que se fingem de espíritos de antepassados. A religião de vocês é tão impotente para salvá-los do inferno, que Deus enviou Seu filho para que todo aquele que n'Ele crê não pereça... E mais, a sua fé é uma grande farsa se não for a fé no Único Deus, que se revelou em Cristo, e a única maneira de conhecê-lo é através das Santas Escrituras, a Bíblia!".

Viu a diferença?! O evangelhosinho "mamão com açucar" dos pregadores de araque atrai porque oferece o que o ser humano mais quer: bens, saúde e vida fácil sem mudança de vida, sem confrontação com o pecado. Em contrapartida o Evangelho confronta o pecado e a religião de conveniência, chamando para uma vida de compromisso com a santidade.
Para se ter uma idéia da gravidade da coisa, e de como as pessoas podem interpretar a pregação ao seu bel prazer, caso esta não seja exposta como deve ser, vou relatar dois fatos acontecidos há algum tempo, nos quais fui chamado para atender. O primeiro se deu quando fui solicitado para orar a pedido de uma senhora em favor de seu filho que estava preso - no caso ela queria que orasse para que a justiça fosse feita, mas que o rapaz fosse guardado, protegido durante o tempo de reclusão.
Ao entrar no quintal da casa, aproximei-me da porta da cozinha - uma casa muito humilde, típica da periferia onde moro. Antes mesmo de ser convidado a entrar já ouvi a recomendação: "Olha, seu pastor, não quero saber de religião, tenho minhas crenças, acendo minhas velas, faço minhas mandingas e quando a coisa aperta faço minhas campanhas na igreja tal e tal... Só quero oração meu filho..." - virei as costas e fui embora com a certeza de que nanda adiantava falar com aquela mulher que já havia concebido uma idéia do falso evangelho que anda nas bancas de liquidação das igrejas de mercado, e que nada a demoveria de sua opinião.
Noutro caso, uma senhora entrou na igreja pouco antes de iniciar a pregação e ali permaneceu até o término do culto. Um dos auxiliares que asistiam ao culto a trouxe para falar comigo. Ela disse que havia gostado da pregação e se identificou comigo por ser cearense também (como sempre, durante a preleção dei um jeito de evidenciar minha origem), e após mais um monte de jogação de confete e rasgação de seda disse estar passando por algumas necessidades e gostaria de conversar em particular. Levei-a até uma sala nos fundos da congregação e ela, então, passou a me falar de suas agruras e misérias. Identificou-se como freqüentadora a vários anos de uma destas igreja da moda, situada na avendida principal do meu bairro. Puxou um monte de carnês de "propósitos" espirituais, um calhamaço de envelopes referentes (às malditas) campanhas, saquinhos com sal e outros patuás distribuídos nas tais igrejas. Apesar disto, disse que nada estava dando certo para ela, que morava com um neto, que ambos estavam desempregados, que precisava ao menos de uma cesta básica durante um tempo etc., etc.
Após ouví-la, passei a questioná-la sobre o por quê de não procurar seu pastor (no seu caso um bispo, segundo ela) e falar sobre seus problemas, pois a cada pastor compete atender sua igreja e o povo que pastoreia. Arregalando os olhos ela respondeu: "Ele não pode nem sonhar que estou pedindo ajuda aqui! Se souber vai dizer que estou com espírito de miséria e vai me expor diante das pessoas. Além disto, é preciso pegar uma senha pra falar com ele e atender um monte de exigências como não cheirar a suor, não usar chinelos de dedos e chupar balas de hortelã para prevenir o mal hálito...".
Bem, a estória acima termina com a mulher tendo suas necessidades atendidas, após averiguarmos a procedência de seu relato, e de acordo com o que pudemos fazer. Mas naquela mesma conversa, ao término do encontro perguntei: "Por que a senhora não sai desta igreja e não procura uma igreja séria, uma igreja de verdade?". Sua resposta não podia ser mais inusitada: "Nem eu sei! Já me acostumei ali e ali vou ficar até que Deus me tire de lá!". Diante disto me frustrei mais uma veze, e conclui mais uma vez que mesmo pregando um evangelho fajuto, os pseudo pregadores conseguem fazer discípulos sinceros... Sinceramente enganados! - pr Aécio

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