O LOUVOR QUE (NÃO) LIBERTA

"...falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais..." - Ef 5.19

Tenho observado como o mercado fonográfico evangélico tem crescido. Admirável (e assustador) ver como nossos “hits” são cantados em todas as esquinas. “Faz um milagre em mim” foi uma badalação “pra mais de metro” – com direito a versão pagode e tudo! De tanto ouvir esta música algumas quintas-feiras (dia da feira ao lado de minha casa) passei a ter enjôo já na introdução, pois o cara da banca de melancia colocava a dita cuja no último volume, enquanto o megafone procurava convencer o povão de que suas frutas eram as melhores – minha imaginação ia às alturas e a imagem do Zaqueu montado numa enorme melancia permanecia até o fim do dia (explicando a imagem acima)!

Quando aquela moça... Ih, deu branco!... Aquela que cantava “...500 graus de puro fogo santo e poder...” apareceu reverberando (leia-se reverBERRANDO) estas coisas, eu ficava tentando imaginar como é que se certifica a pureza e a temperatura do “fogo santo e poder” (seria por um instrumento chamado “santômetro”?).
Já o refrão “Têm anjos voando nesse lugar” foi parar no repertório do padre pop mais bajulado da mídia! Fez sucesso tanto quanto! Unanimidade no culto e na missa – pastores e padres; crentes e católicos na “mesma unção angelical”... A gente não sabia se a “igreja subiu ou se o céu desceu”, era uma confusão daquelas!
Os “mantras gospel” e as “ministrações extra-sensoriais” concebidos pela onda dos “levitas new generation” deixam a gente zonzo de tanta repetição: “... Estou apaixonado... apaixonado...apaixonado...” (X 1.000.000.000) – hipnose geral... Catarse coletiva sem direito a dúvidas ou questionamentos se este negócio é ou não ação direta do Espírito Santo! As justificativas que oferecem os mentores desta onda parecem basear-se mais nas experiências "extravagantes” do que na Palavra de Deus (só não sei se tais experiências são mais “extra” que “vagantes” ou vice-versa)!

A coisa piora quando o “bestecostalismo”(*) toma conta. Lembra do “...Tenha dó Jesus, tenha dó Senhor... Prepara e leva aquele crente falador...”? – Que tosco! Há ainda o bizarro “Tem uma roda de fogo entre nós...” e “...E o altar tá fumegando...” – Há,há, há... Não dá pra não rir.! É muito engraçado - (em off por favor) outro dia disse que alguns programas humorísticos ficam no chinelo perto das patacoadas protagonizadas por nossos brothers!

Ops! Ia me esquecendo da mais nova “pérola” que me recomendaram... Eu chamei de o “melô do Labassureonderrá”. Isso mesmo, uma suposta cantora penteca(*) canta em “glossolalês” sobre a arrebatadora visão de um anjo... Essa doeu!

Sinceramente, fico entre a cruz e a espada para uma conclusão objetiva, um veredicto sobre o assunto, mas arrisco dizendo que eles realmente não sabem o que fazem, ou simplesmente está faltando “SEMANCOL” no mercado! – pr Aécio

(*) Usei os neologismos pra ironizar mesmo. Tenho um grande amor e respeito pela história do Movimento Pentecostal, bem como pelo povo que o representa. Sou pentecostal, mas não compartilho com tais distorções